quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Historiadores investigam destino das vítimas da eutanásia nazista
Historiadores alemães investigam o destino de 9 mil doentes assassinados pelos nazistas. Eram vítimas do programa "eliminação de vida sem valor".
O projeto de investigar o destino de vítimas da eutanásia nazista é uma iniciativa da Universidade Livre de Berlim e da Fundação Memória do Estado de Bandemburgo. Conforme levantamento, mais de 300 mil pessoas foram mortas durante a Segunda Guerra Mundial, entre elas doentes mentais.
O assassinato dos pacientes foi chamado pelos nazistas eufemisticamente de "eutanásia" da "vida sem valor". Na primeira fase do mórbido programa, de janeiro de 1940 a agosto de 1944, 70 mil alemães internados em hospitais foram mortos.
A idéia da operação secreta, que contou com a participação ativa de numerosos médicos e enfermeiros, foi propagada também em numerosos filmes nazistas. Nas películas, os doentes mentais ou terminais eram chamados de "bocas inúteis que precisam ser alimentadas".
Participação médica
A campanha, criada em um edifício da rua Tiergartenstrasse, em Berlim, foi chamada de T-4. Os assassinatos foram sendo executados com a falsa explicação de "morte natural" e de forma estritamente confidencial. As instituições onde estavam internados os pacientes chegavam a enviar cartões de condolências às famílias das vítimas.
A intenção do projeto de pesquisa das duas instituições alemãs é determinar os nomes dos 5 mil berlinenses, de um total de 9 mil vítimas, do T-4 em Brandemburgo/Havel. "A diferença em relação a outros hospitais na Alemanha e na Áustria em que os crimes foram praticados é que em Brandemburgo/Havel a identidade dos doentes mortos não foi investigada sistematicamente", explicou a Dra. Astrid Ley, colaboradora científica do setor Crimes de "eutanásia" da Fundação Memória de Brandemburgo.
Experimentos para o Holocausto
"A falta de informação é lamentável, já que o T-4 de Brandemburgo foi um dos primeiros centros de morte do projeto nazista", lamentou a Dra. Ley. Além disso, foi lá que ocorreram, em janeiro de 1940, as primeiras "mortes experimentais". A partir deste momento, se decidiu aplicar o método de assassinato por meio do uso de gás. "A partir de Brandemburgo há portanto um caminho direto que conduz às câmaras de gás dos campos de extermínio e ao Holocausto", ressaltou.
Outra peculiaridade de Brandemburgo é a ação, em julho de 1940, contra pacientes judeus, que marcou o começo da morte sistemática de doentes psiquiátricos judaicos durante o III Reich. "Com este projeto, queremos proporcionar às famílias dos mortos informações confiáveis sobre o destino de seus familiares", ressaltou Günter Morsch, diretor da Fundação Memória de Brandemburgo.
Morsch acrescentou que, devido à perda de documentos, será possível provavelmente precisar apenas os nomes da metade dos 9 mil mortos em Branbemburgo/Havel. As vítimas da operação T-4 foram intoxicadas com monóxido de carbono em seis centros, construídos especialmente para este fim em Havel, Grafeneck, Bernburg, Hartheim, Pirna e Hadamar.
Pablo Kummetz, para Deutsche Welle
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