Ontem na Grécia:
Rogério Simões, para BBC
A capital da Grécia, Atenas, foi transformada em palco de guerra. De um lado manifestantes, muitos deles armados com paus e pedras, e do outro a tropa de choque da polícia local. O motivo dos violentos protestos: a morte de um garoto de 15 anos, Alexandros Grigoropoulos, atingido no fim-de-semana por um tiro disparado por um policial.
Muito longe dali, em Brasília, pouco antes do jogo decisivo do Campeonato Brasileiro, um outro rapaz, Nilton César de Jesus, de 26 anos, levava um tiro da polícia na cabeça. Em coma induzido, nesta terça-feira ele continuava entre a vida e a morte. Um comandante da Polícia Militar apareceu na segunda-feira na TV dizendo que se tratava de um erro pessoal, de um sargento. Nada que possa ser associado à corporação como um todo, disse ele. O uso de armas de fogo em situação de protestos ou tumultos, ainda segundo o comandante da PM, não era recomendado.
Dois jovens, dois tiros da polícia. Duas histórias bem diferentes. Na Grécia, o caso ameaça o governo. O primeiro-ministro, Costas Karamanlis, tem discutido com o presidente, Karolos Papoulias, como sair da crise gerada pelo assassinato. No Brasil, onde tiros são dados e recebidos com uma chocante naturalidade, o incidente em Brasília foi apenas mais um fato do cotidiano.
Logicamente, os gregos são uma sociedade muito mais combativa do que a brasileira, inventaram a democracia, apesar de a própria ser bastante conturbada, e estão descontentes com vários aspectos do governo atual, entre eles o impacto da crise econômica global no país. A morte do jovem pode ser apenas a gota d'água para uma população já há muito insatisfeita. Mas nada muda o fato de que, pelo menos em tese, policiais que enfrentam tumultos não deveriam nem portar armas de fogo, quanto mais dispará-las. Na Grécia, um deles usou e matou. Provocou dias de fúria em vários pontos do país. No Brasil, o policial responsável foi detido. Caso (aparentemente) encerrado.
NOTA DO OMAR: O policial detido no Brasil já foi libertado.
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