quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A queda do feudo e da audiência global e velhas práticas


Nota do Blog: Mesmo tendo sido encomendado pelo Grupo Record, vale a pena ler o texto.

CORREIO DO POVO, 13 DE AGOSTO DE 2009

O crescimento da audiência e do faturamento comercial da Rede Record pressupõe que alguém esteja caindo em graus, números e gêneros. Quando, em um determinado mercado, um grupo começa a ficar forte, significa que hegemonias estão sendo quebradas e alguém está ficando fraco.
Quem tem acompanhado o embate entre a TV Record e a TV Globo percebe o quanto a outrora 'todo-poderosa' 'Vênus Platinada' tem tido o seu brilho embaçado pelos avanços em graus, números e gêneros de sua principal concorrente.
A Record tem mostrado a que veio: lutar e alcançar a liderança do mercado televisivo, antes dominado sem nenhuma preocupação pela Globo.
O assombro global acentuou-se ainda mais com o advento das TVs a cabo. Com esse novo cenário, a globalização, ironicamente, obrigaria a emissora a rever sua costumeira fórmula de gerar notícias para sua conveniência.
O desespero a levou a promover campanhas que beiravam o ridículo e que sugeriam tentar manter a imagem que ela mesma (Rede Globo) criou como a guardiã oficial dos interesses da Nação e da preservação da cultura – cultura esta que sugeriria a indução de um povo quanto ao que se deve vestir, falar, acreditar e em quem votar.
A tentativa dos Marinho não logrou êxito, sobretudo no campo da política, onde seu apoio ou oposição a qualquer que fosse o candidato a um cargo político passou a não fazer muita diferença.
O falecido ex-governador Leonel Brizola e o atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, são exemplos clássicos do apático e debilitado feudo midiático dos Marinho.
Só para relembrar, em 1982, Brizola deparou-se com um inescrupuloso inimigo – Roberto Marinho e todo o seu poder centrado nas organizações Globo. Marinho, que controlava o jornal O Globo e a Rádio Globo, fez pressão contra Brizola quando este almejava o cargo de ministro da Fazenda de João Goulart. Vale lembrar que Roberto Marinho foi um dos empresários que apoiaram o Golpe de 1964, golpe que forçou Brizola a ir para o exílio.
Em 1982, Roberto Marinho foi acusado de comandar o esquema do caso Proconsult, que visava impedir a vitória de Brizola na eleição para governador. O plano de fraude comandado por Marinho foi denunciado pelo Jornal do Brasil e abortado após Brizola denunciá-lo pessoalmente na imprensa. Em 1984, a briga com o 'império global' ganhou mais visibilidade, pois Brizola quebrou o monopólio da Rede Globo na transmissão do Carnaval, concedendo o direito de transmissão para a Rede Manchete. A emissora de Marinho então desistiu de cobrir o evento, mas a expressiva queda de audiência durante os desfiles fez a Globo recuar e aceitar transmitir o evento a partir do ano seguinte em conjunto com a Manchete.
Em 1989, Brizola, que liderava as pesquisas de opinião para eleição presidencial, sentiu-se sabotado pela Rede Globo após ter feito contra ele uma série de acusações pessoais em rede nacional.
No caso do presidente Lula, estamos tratando de uma situação atual e que dispensa nos estendermos para relembrar a notória e constante oposição da emissora dos Marinho a este governo.
A prole dos Marinho traz em sua genética esse caráter, ou seja, tentar execrar os que, em seu entender, ameaçam uma suposta hegemonia.
Outro emblemático, pérfido e lamentável episódio foi o que a Globo fez com o caso da Escola Base, atingindo seus proprietários e familiares com acusações infundadas de abuso sexual de menores.
Enquanto a 'todo-poderosa' despencava vertiginosamente, a Rede Record ascendeu, ganhou terreno, e continua avançando no mesmo mercado das desesperadas e velhas Organizações Globo.
Velha no sentido literal, em se tratando de suas tentativas de ações estratégicas que vêm desde antes, durante e após a ditadura, isto é, de métodos retrógrados que não cabem e nem funcionam na sociedade atual.
Já que estamos falando de ações ultrapassadas, que a sociedade moderna não digere, há um antigo ditado bem próprio ao péssimo e amargo momento vivido pela emissora dos Marinho: 'Enquanto os cães ladram, a caravana da Record avança' (e como avança!).
No desespero, a Rede Globo, mais uma vez, como em tantas outras em que se viu acuada de alguma forma, tenta impor o seu costumeiro estilo 'highlander', ou seja, 'só pode haver um'.
Só que o grupo Record topa o enfrentamento sem medo e sem desespero, até porque o império decadente está sendo o da Globo.
Em uma crise de identidade, fragilizada, a emissora dos Marinho parte para a leviandade, golpes e ataques inescrupulosos, como sempre lhe foi peculiar. Quando a prole dos Marinhos se vê acuada, esgotada em todos os seus recursos, a falta de alternativas somada ao seu desespero os leva a esquentar o forno do inescrúpulo e requentar os pães dormidos.
Afinal, a tradição familiar precisa ser preservada!
No entanto, eles parecem ter se esquecido de que, como já exemplificados, seus tiros têm saído pela culatra – que o diga o testemunho do presidente Lula e de todos os que são simpáticos a ele. Os ataques globais sobraram até para o novo presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) por declarar aprovação ao governo Lula, sem falar em profissionais do jornalismo que, em suas análises políticas, sofreram pressões, chegando a casos de demissão pelo fato de, em seus comentários políticos, enaltecerem o governo federal.
A Globo, diante da Record, está se postando como um cachorro pequeno que, mediante a sua fragilidade, rosna e ataca o maior. Uma de suas maiores especialidades é requentar velhas notícias.

Carlos Oliveira
especialista em comunicação e política

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