COMO SURGIU O CONCEITO ESG?
Em 2000 foi lançado pelo então
secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan o Pacto Global, uma chamada para
as organizações alinharem suas estratégias e operações aos princípios
universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção
e desenvolverem ações que contribuam para o enfrentamento dos desafios da
sociedade. É hoje a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo
com mais de 16 mil participantes, entre empresas e organizações distribuídos em
70 redes locais, que abrangem 160 países.
Do Pacto Global nasceram as
sementes do conceito ESG, que recebeu formulação em 2004 no documento Who Care
Wins, elaborado pelo Pacto juntamente com o Banco Mundial.
Mais recentemente, em setembro
de 2015, chefes de Estado e de Governo e altos representantes reunidos na sede
das Nações Unidas em Nova York, decidiram sobre os novos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável globais e conclamaram todos os países e todas as
partes interessadas atuando em parceria colaborativa para implementação deste
plano.
MAS AFINAL, O QUE É
ESSE TAL DE ESG?
ESG é a sigla em inglês para
“Environmental, Social and Governance” e significa usar fatores ambientais,
sociais e de governança para avaliar organizações e países sobre o quão
estão avançados em relação à sustentabilidade.
Quanto mais avançadas
estiverem essas organizações nesses três itens, melhores oportunidades terão de
captação de recursos oriundos do Banco Mundial e de outras entidades
investidoras.
ITEM
1: MEIO AMBIENTE
Alguns pontos analisados sobre
impacto no meio ambiente:
·
Uso ou dependência de combustíveis fósseis.
·
Níveis de poluição gerados.
·
Alterações climáticas causados pelo processo
produtivo
·
Eliminação de materiais perigosos.
·
Gestão de Resíduos.
·
Pegada de Carbono.
·
Utilização de energia renovável, água e outros
recursos naturais.
ITEM
2: ASPECTOS SOCIAIS
Como a organização encara seu
impacto social em todo o ecossistema no qual está envolvida.
·
Igualdade de Emprego e diversidade de gênero e
racial.
·
Preocupações com a segurança de sua produção.
·
Saúde e segurança de seus trabalhadores.
·
Programas de inclusão social.
·
Capacitação e desenvolvimento.
·
Testes envolvendo animais.
·
Posicionamento sobre questões realizadas à
saúde física e mental.
·
Transparência da cadeia de suprimentos.
·
Direitos humanos.
·
Privacidade de dados.
ITEM
3: GOVERNANÇA
Como a organização é
administrada e como sua liderança atende aos interesses de todas as partes
interessadas (funcionários, associados, clientes etc.).
·
Diversidade da liderança.
·
Estratégia tributária e padrões contábeis.
·
Suborno e corrupção.
·
Fraude
·
Éticas e valores.
·
Transparência.
·
Direitos dos associados.
·
Remuneração de funcionários e executivos.
A AGENDA 2030 DA ONU E OS ODS
Conforme acima colocado,
chefes de Estado e de Governo e altos representantes, reunidos na sede das
Nações Unidas em Nova York de 25 a 27 de setembro de 2015 decidiram sobre os
novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável globais.
Conclamaram todos os países e
todas as partes interessadas, atuando em parceria colaborativa, para
implementação deste plano.
Os 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável e 169 metas anunciados demonstram a escala e a
ambição desta nova Agenda planetária. Eles buscam concretizar os direitos
humanos de todos e alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento das
mulheres e meninas. Eles são integrados e indivisíveis, e equilibram as três
dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental.
Os Objetivos e Metas foram
determinados para estimular a ação para os próximos 15 anos em áreas de
importância crucial para a humanidade e para o planeta (a AGENDA 2030 da ONU).
Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável – ODS
Objetivo 1. Acabar com a pobreza em
todas as suas formas, em todos os lugares.
Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar
a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura
sustentável.
Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável
e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.
Objetivo 4. Assegurar a educação
inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem
ao longo da vida para todos.
Objetivo 5. Alcançar a igualdade de
gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade
e gestão sustentável da água e saneamento para todos.
Objetivo 7. Assegurar o acesso
confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos.
Objetivo 8. Promover o crescimento
econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e
trabalho decente para todos.
Objetivo 9. Construir infraestruturas
resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a
inovação.
Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro
dos países e entre eles.
Objetivo 11. Tornar as cidades e os
assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
Objetivo 12. Assegurar padrões de
produção e de consumo sustentáveis.
Objetivo 13. Tomar medidas urgentes
para combater a mudança climática e seus impactos (*)
Objetivo 14. Conservação e uso
sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o
desenvolvimento sustentável.
Objetivo 15. Proteger, recuperar e
promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma
sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a
degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
Objetivo 16. Promover sociedades
pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso
à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e
inclusivas em todos os níveis.
Objetivo
17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o
desenvolvimento sustentável.
(*) Reconhecendo que a Convenção Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC] é o fórum internacional
intergovernamental primário para negociar a resposta global à mudança do clima.
E NO
BRASIL?
No Brasil já existem várias
iniciativas estruturadas para a disseminação dos conceitos ESG e ODS.
Por exemplo, a edição 39
(julho, agosto e setembro de 2022) da Revista SABER COOPERAR, órgão de
divulgação da OCB abre um artigo de destaque com a seguinte frase: “na hora em
que o mundo mais precisa, o cooperativismo não se omite, lidera!”.
De fato, no mês de agosto de 2022 o Sistema OCB (Organização
das Cooperativas do Brasil) realizou a Semana da Competitividade, um evento que
reuniu as principais temáticas que envolvem o modelo de negócios do movimento
cooperativista com palestras, feira, mesas redondas, laboratórios para
atividades práticas, espaço de intercooperação e rodada de negócios
internacional.
Um
dos temas de maior destaque nesse importante encontro foi a necessidade
imperativa de adoção do conceito ESG pelas organizações cooperativas de todo o
País.
MECANISMOS
DE INDUÇÃO
Após as definições acima
relatadas, a ONU gradativamente criou mecanismos de indução para incentivar
governos, empresas e organizações do terceiro setor a aderir aos ODS.
Os principais mecanismos
criados foram a destinação de recursos financeiros do Banco Mundial e
instituições correlatas, tendo como pré-condição para liberação a adesão aos
ODS.
Por exemplo, a Assembleia
Geral da ONU, em sua resolução 44/228, de 22 de dezembro de 1989 decidiu que a
Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento deveria:
·
Identificar meios
de proporcionar recursos financeiros novos e adicionais, em particular para os
países em desenvolvimento, para programas e projetos de desenvolvimento
ambientalmente saudável, em conformidade com os objetivos, as prioridades e os
planos de desenvolvimento nacionais e considerar maneiras de monitorar
eficazmente a oferta desses recursos financeiros novos e adicionais, em
particular para os países em desenvolvimento, a fim de que a comunidade
internacional possa adotar novas medidas apropriadas com base em dados exatos e
fidedignos;
·
Identificar meios
de proporcionar recursos financeiros adicionais para medidas orientadas para
resolver problemas ambientais importantes de interesse mundial e, em especial,
apoiar os países, sobretudo os países em desenvolvimento, para os quais a
implementação de tais medidas representaria um peso especial ou extraordinário,
devido particularmente a sua falta de recursos financeiros, competência e
capacidades técnicas;
·
Examinar diversos
mecanismos de financiamento, inclusive os voluntários, e considerar a
possibilidade de estabelecer um fundo especial internacional e outras
abordagens inovadoras tendo em vista assegurar, em bases favoráveis, a transmissão
mais eficaz e rápida possível de tecnologias ambientalmente saudáveis para os
países em desenvolvimento;
·
Quantificar as
necessidades financeiras para implementar com sucesso as decisões e
recomendações da Conferência e identificar possíveis fontes de recursos
adicionais, inclusive as inovadoras.
Como
decorrência dessas diretrizes, o BNDES criou o “Painel ODS – Nossa contribuição
para a Agenda 2030”, cuja orientação de acesso encontra-se neste link: https://youtu.be/b4HZrh0rUCc
Assim como o BNDES, praticamente
TODAS as instituições financeiras e de fomento repassadoras possuem
explicitamente diretrizes a respeito da destinação de recursos para impacto nos
processos produtivos locais, regionais e nacionais, sob o conceito dos ODS.
FAZ DE CONTA
Uma preocupação importante das
instituições investidoras é a confirmação positiva dos dados de ESG
apresentados pelas organizações captadoras.
Assim, é comum a realização de
inspeções e auditorias de confirmação.
Uma organização que produz
informações que não correspondem à realidade fica indelevelmente marcada pelo
mercado financeiro e pelos governos locais.
MAS, AFINAL, O QUE ESTÁ POR TRÁS DE TUDO ISSO?
A principal preocupação da
maioria dos líderes mundiais é a degradação do planeta, ou seja, a deterioração do meio ambiente através de esgotamento
dos recursos tais como ar, água e solo; a destruição de ecossistemas e a
extinção da vida selvagem.
Essa
degradação, que vem ocorrendo há séculos, já extinguiu várias espécies da flora
e da fauna e coloca em cheque a própria continuidade da espécie humana.
A
preocupação no sentido de salvar o planeta não é uma perspectiva válida. O Planeta
Terra seguirá sua viagem pelo cosmos pelos próximos séculos da forma similar à
que vem ocorrendo até hoje.
A inquietude dos líderes planetários se refere à própria
condição de sobrevivência da raça humana.
Omar, outubro de 2022.
Fonte da Imagem: wallpaperflare.com