sexta-feira, 24 de junho de 2011

CARVÃO


NOTA DA APEDEMA SOBRE O APROVEITAMENTO DO CARVÃO GAÚCHO
  
Em vista da audiência pública sobre o aproveitamento do carvão mineral gaúcho promovido pela Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável da Assembléia Legislativa gaúcha, a  APEDeMA/RS- Assembleia Permanente de Entidades de Defesa do Meio Ambiente  vem a publico manifestar sua posição.

O uso de carvão como fonte energética é uma tecnologia obsoleta, anti-economica, prejudicial a saúde humana e contribui significativamente para piorar a crise climática que presenciamos atualmente devido ao aquecimento global.

As jazidas de carvão, da ordem de 28 bilhões/ton não são as maiores fontes  de energia no estado.Representam cercade 6% do consumo energético nacional.  A Energia eólica e a energia solar são fontes muito mais abundantes. Não falta energia para a eliminação dos combustíveis fósseis. O uso da ENERGIA SOLAR RADIANTE que chega á Terra atinge a astronômica cifra de 15 trilhões GW/ano, enquanto a Demanda Energética Mundial anual atual é da ordem de 1,5 Bilhões GW/ano. Recebemos 10.000 vezes mais energia do que consumimos.

O consumo de energia elétrica no Brasil atingiu o recorde histórico de 70 gigawatts (GW) , no horário de pico em 03/02/2010. A média de consumo diário em 2009 foi de 54GW 77.Já o potencial de geração de ENERGIA EÓLICA no Brasil a 100 m de altura, pode atingir 300 GW , sem considerar a zona marítima -off shore-.

ASPECTOS ECONÔMICOS

Dados de 2010 do Ministério de Minas e Energia e PSR Consultoria informam que a energia eólica tem o menor preço que a termoelétrica movida a carvão: R$132 megawatt/hora contra R$160,00 megawatt/hora, respectivamente. Esta vantagem econômica traduz-se no tamanho atual do mercado financeiro da energia eólica brasileira: R$ 25 billhões. São 5.5 GW já contratados até 2013. Hoje a capacidade eólica instalada no Brasil é de 1GW.
No RS há dez parques de energia eólica entre os em operação e em obras, gerando um excelente  ciclo econômico. Só na fabricação de aerogeradores existem 5 empresas no Brasil. Em 2013 nosso estado terá 660 MW eólicos.
Além disso a energia eólica no pais oferece uma excelente complementação ao sistema  hidroelétrico com capacidade de acumulação ao longo do ano. Dados da ANEEL de 2007 e 2008 mostram que justamente na época de menor regime hídrico das regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste Brasileiras entre Agosto á Dezembro a geração de energia eólica da região Nordeste  (o maior produtor potencial de energia eólica no país, seguido do Rio Grande do Sul) atinge os maiores valores.

SAÚDE PÚBLICA

A composição química do Carvão Gaúcho pode ser considerada uma verdadeira enciclopédia de venenos. O mais prejudicial é o vapor de mercúrio metálico emitido na sua combustão. São lançados na atmosfera 30 kg de vapor metálico de mercúrio para cada tonelada de carvão gaúcho queimado, ou seja 3% do peso deste carvão é mercúrio! Como está na forma gasosa a tecnologia em uso atualmente no estado é incapaz de reduzir estas emissões. Esta concentração é muitíssima superior àquela encontrada no Carvão dos Estados Unidos, onde são liberados à atmosfera, em média 44 gramas por cada toneladas queimada.
Os processos biológicos modificam a maior parte do mercúrio depositado para metilmercúrio, uma potente neurotoxina que humanos e outros organismos terrestres e aquáticos absorvem de pronto, a exemplo do desastre de Minamata ,ocorrido no Japão em 1956.
Matéria particulada originada da combustão do carvão conhecidamente causa danos ao sistema respiratório. Agora já se sabe, através de pesquisas recentes, que conseguem mesmo atravessar os pulmões e invadir a corrente sanguínea, conduzindo a doenças cardíacas, enfartos e morte prematura.
.Nos EUA 23.600 mortes anuais (2004) podem ser atribuídas a poluição aérea proveniente de suas 600 termoelétricas á carvão. Os que morrem prematuramente devido a exposição a matéria particulada, perdem em média 14 anos de suas vidas.A queima do carvão responde também por cerca de 554.000 ataques asmáticos, 16.200 casos de bronquite crônica e 38.000 enfartos não fatais, anualmente. A poluição atmosférica das usinas térmicas nos EUA responde por uma estimativa anual na custos de Saúde de mais de 160 bilhões de dólares.
Outras emissões atmosféricas resultantes da queima do carvão incluem metais pesados como vanádio, cádmio, arsênio e chumbo, além de SO2 - dióxido sulfúrico, CO2-dióxido de carbono , matéria particulada e NOx -óxidos de nitrogênio , os quais resultam em ozônio ao nível da superfície. SO2 e ozônio são gases altamente corrosivos que causam falências respiratórias e contribuem para baixa de peso do nascituro e aumento da mortalidade infantil. SO2 e NOx são também as causas primárias da chuva ácida. CO2 é o gás dominante responsável pelo efeito estufa que está aquecendo o planeta.
Durante sua queima a combinação de Cloro e de núcleos aromáticos pré-existentes propiciam a liberação de Dioxinas e de outros compostos organoclorados, altamente carcinogênicos.



AGRAVAMENTO DA CRISE DO CLIMA (AQUECIMENTO GLOBAL)

Uma forte objeção à continuidade da exploração do Carvão mineral, cerca de 900 bilhões de toneladas  em nível mundial,  é que tornaria  impossível estabilizar o clima e evitar os impactos do desastre climático global na sociedade humana. Este valor representa o aumento da concentração de CO2, gás carbônico a mais de 250 ppm (concentração de partes por milhão), ao já 392 ppm existentes. O uso das reservas gauchas de carvão por si só acrescentariam 7 ppm a concentração deste gás já existente na atmosfera.

Portanto se as emissões de carvão  forem eliminadas nas próximas décadas e o petróleo e o gás natural deixassem de ser extraídos será possível estabilizar o clima dentro de uma faixa de segurança climática, abaixo de 350 ppm de CO2 na qual a humanidade viveu em toda a sua história e pré-história, a exceção dos últimos 25 anos.

As conseqüências do fracasso do protocolo de Quioto e das Conferências entre as partes da ONU –COP ao não conseguir um acordo global de reduções substanciais dos gases de efeito estufa poe em risco a continuidade da existência humana no planeta já na primeira metade deste século devido a subida do nível dos mares, chuvas e secas extremas impactando tanto as populações urbanas na forma de grandes tragédias socioambientais e fazendo diminuir  drasticamente a produtividade agrícola e criando milhões ou bilhões de refugiados ambientais.
Os governos nacionais e estaduais em sua grande maioria estão agindo como se fossem indiferentes ao fato de que há um limite na atmosfera para a quantidade carbono oriundo dos combustíveis fósseis. Estes ficam na atmosfera  por milênios. Nós podemos extrair uma fração do excesso de CO2 via a melhoria das práticas agrícolas e florestais e evitando o desmatamento e no caso brasileiro evitando a alteração do código florestal nos moldes aprovado pela Camara dos Deputados.

A falta de ação nesta área e o aumento continuo das emissões antrópicas trará serias conseqüências a nossa sobrevivência a começar pela liberação espontânea de clatratos de metano e CO2 do oceano e dos solos outrora permanentemente cobertos de gelo da Sibéria e  da America do Norte em processo de degelo causando uma reação em cadeia da liberação desses gases bem como o fim precoce da calota polar ártica no verão prevista inicialmente para 2080, mas com grande probabilidade de ocorrer entre os anos de 2013 à 2019.
Fontes de energia renováveis, eólica ou solar, etanol da cana de açúcar, biogás de resíduos orgânicos urbanos e rurais não requerem mineração perigosa ou remoção do topo de montanhas - não poluem o ar, a terra ou a água com seus resíduos químicos tóxicos, tampouco causam prejuízos a saúde

 O motivo para continuar a utilizar-se  o carvão, combustível sujo do sec. XIX, quando temos alternativas do sec XXI é dificil de entender... provavelmente falta de inteligência.

Assinam as seguintes entidades:

Assembleia Permanente de Entidades de Defesa do Meio Ambiente (APEDeMA-RS)
Ação Nascente Maquiné (ANAMA) - Maquiné
Amigos da Paisagem Preservada de Quintão (APAIPQ) – Palmares do Sul
Associação São Borjense de de Proteção do Ambiente Natural (ASPAN) – São Borja
Associação Ambientalista Biguá (Biguá) – Arambaré
Associação Ambientalista da Costa Doce (AACD) de Camaquã/RS.
Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN)
Abrace o Guaíba - POA;
Casa Tierra – Porto Alegre
Centro de Estudos Ambientais (CEA) - Rio Grande/ Pelotas
Econsciência – Porto Alegre
Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas (GESP) – Passo Fundo
Grupo Ecológico Guardiões da Vida (GEGV) - Passo Fundo
Grupo Transdisciplinar de Estudos Ambientais Maricá (MARICÁ) - Viamão
Instituto Ballaena Australis - Santa Vitória do Palmar
Igré Associação Socioambientalista (IGRÉ) – Porto Alegre
Instituto Biofilia – Porto Alegre
Incandescente – Bagé/ Porto Alegre
Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (Ingá) – Porto Alegre
Movimento Os Verdes de Tapes - Tapes
Núcleo Amigos da Terra Brasil (NAT) – Porto Alegre
Ong Solidariedade – Porto Alegre
União Protetora do Ambiente Natural (UPAN) – São Leopoldo
União Pedritense de Proteção ao Ambiente Natural (UPPAN) – Dom Pedrito

Porto Alegre 14 de Junho de 2011

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