quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Abuso em Guantánamo piorou sob Obama, diz advogado


Por Luke Baker

LONDRES (Reuters) - O abuso a prisioneiros na baía de Guantánamo piorou muito desde que o presidente Barack Obama tomou posse, já que os guardas estariam querendo se aproveitar dos presos antes da desativação da penitenciária, segundo um advogado dos detentos.

Os abusos teriam começado a se intensificar em dezembro, depois da eleição de Obama, disse o advogado Ahmed Ghappour à Reuters. Ele citou agressões, deslocamento de membros, uso de gás pimenta em celas fechadas e em vasos sanitários, além da imposição de alimentos a presos em greve de fome.

Na segunda-feira, o Pentágono disse ter recebido novos relatos de abusos de prisioneiros durante uma recente revisão das condições em Guantánamo, mas concluiu que todos os prisioneiros estão sendo mantidos em concordância com as Convenções de Genebra.

"Segundo meus clientes, houve uma elevação nos abusos desde que o presidente Obama foi empossado", disse o advogado anglo-americano, ligado à ONG jurídica Reprieve, que representa 31 presos de Guantánamo.

"Se fosse para usar a imaginação, dir-se-ia que esses guardas traumatizados e - por falta de uma palavra melhor - bárbaros estavam apenas tentando basicamente se aproveitar agora, por medo de que não possam (mais cometer abusos) posteriormente", disse ele.

"Certamente, na minha experiência houve muitíssimos incidentes relatados de abuso desde a posse", acrescentou Ghappour, que visitou Guantánamo seis vezes desde o final de setembro e baseou seus comentários nas suas próprias observações e conversas com prisioneiros e guardas.

Ele salientou que os maus-tratos não parecem responder a ordens superiores, nem serem uma reação de frustração dos carcereiros à eleição de Obama, e sim a percepção de que resta pouco tempo de detenção para os últimos 241 presos, todos muçulmanos.

Na opinião de Ghappour, os guardas estão pensando algo como "Ei, vamos nos divertir enquanto podemos."

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