Os empréstimos chineses a outros países em desenvolvimento superaram nos últimos dois anos os empréstimos do Banco Mundial a esses países, segundo levantamento publicado nesta terça-feira pelo diário econômico britânico Financial Times.
No mesmo período, o Banco Mundial emprestou US$ 100,3 bilhões, ainda assim um volume recorde, impulsionado pela resposta da instituição à crise financeira internacional.
Para o jornal, os dados são “uma forte indicação da escala do alcance econômico de Pequim e de seus esforços para garantir acesso a recursos naturais”.
Apesar de os bancos estatais chineses não divulgarem oficialmente detalhes sobre seus empréstimos no exterior, os cálculos do Financial Times foram baseados nos anúncios públicos sobre os acordos específicos feitos pelas instituições, pelos beneficiários ou pelo governo da China.
Isso significa que a estimativa pode estar subestimada, já que existe a possibilidade de que alguns empréstimos mais sensíveis não tenham sido tornado públicos.
Petrobras
O Brasil está entre os principais beneficiários dos empréstimos chineses. Em 2009, a Petrobras assinou um acordo com o China Development Bank para um financiamento de US$ 10 bilhões para os investimentos necessários para a exploração da camada pré-sal de petróleo.
Como contrapartida ao empréstimo, a Petrobras se comprometeu a vender até 200 mil barris de petróleo por dia à estatal chinesa Sinopec.
Acordos semelhantes também foram firmados com grandes produtores de petróleo como a Rússia e a Venezuela.
A reportagem do Financial Times observa que “a crise econômica permitiu a Pequim impulsionar os interesses comerciais de suas companhias de energia ao oferecer empréstimos para países produtores em um período no qual era difícil de conseguir financiamento”.
O jornal comenta ainda que os bancos chineses oferecem taxas melhores do que as do Banco Mundial para acordos considerados importantes pelo governo chinês, além de impor menos condições sobre transparência.
Os bancos de fomento chineses têm um mandato para promover os interesses nacionais chineses. Um dos objetivos específicos do China Development Bank é o de tentar aliviar ou, quando possível, eliminar, gargalos no suprimento de matérias primas ou terras para a economia do país.
A instituição também procura abrir mercados no exterior para as companhias chinesas.
Em alguns países africanos, os empréstimos chineses para financiamento de obras de infraestrutura são condicionados não somente à contratação de empresas chinesas, mas também ao fornecimento de mão-de-obra chinesa.
Reservas
O governo chinês, que possui reservas internacionais de US$ 2,85 trilhões em moeda estrangeira, tem com isso grandes quantidades de dinheiro para financiar empréstimos que possam ajudar a promover seus objetivos estratégicos.
O fluxo de empréstimos dos bancos estatais chineses contrasta com os investimentos externos promovidos pelas empresas chinesas.
Os investimentos externos diretos (IEDs) das empresas chinesas, sem incluir os bancos, somaram cerca de US$ 50 bilhões no ano passado, cerca de metade dos IEDs de companhias estrangeiras na China no mesmo período.
Apesar de a China já ser a segunda maior economia do mundo, atrás somente dos Estados Unidos, os IEDs chineses ficaram atrás dos de outros quatro países no ano passado.
BBC
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