terça-feira, 6 de abril de 2010

ORSON WELLES REVISITADO

Marte:

Orson Wells e a invasão dos marcianos

Às oito horas da noite de dia das bruxas, em 30 de outubro de 1938, Orson Welles começou a transmitir uma dramatização de "A Guerra dos Mundos" de H.G. Wells pela estação de rádio CBS. Por uma hora ingênuos trechos de música seriam interrompidos por flashes realísticos de radialistas cada vez mais desesperados à medida que iam descobrindo e relatando que explosões em Marte e meteoritos caindo na Terra eram na verdade uma invasão alienígena em pleno curso capaz de vaporizar nossas melhores defesas com 'raios de calor'. Sete mil homens marcharam contra uma única máquina de guerra marciana, pouco mais de uma centena de sobreviventes sobraram na trágica batalha em Grovers Mill, Nova Jérsei. O nosso mundo estava sendo aniquilado, e essa era a travessura de Halloween de Welles.

Milhares de pessoas que sintonizaram o programa um pouco depois e perderam o aviso inicial de que uma dramatização estava prestes a começar teriam que esperar quarenta minutos até que uma breve nota da CBS repetisse que o programa de rádio era... um programa de rádio. Nesse meio tempo podia-se ouvir diretamente do front de batalha o ofegar nervoso dos radialistas, os gritos da população, declarações de oficiais do governo americano admitindo uma invasão alienígena mas pedindo por calma e até os sons aterrorizantes de destruição marciana.

O pânico dramatizado compreensivelmente se tornou real, contrariando o inútil e fictício pedido do governo americano. As pessoas que ouviram trechos do programa começaram a fugir desesperadas para lugar nenhum, lotando as estradas; ou tentavam se esconder em celeiros. As mais corajosas carregaram suas armas e saíram à procura dos monstros marcianos, mesmo que acabassem atirando em caixas d'água, razoavelmente parecidas com as máquinas de guerra alienígenas. Houve relatos de pessoas dizendo poder ver as nuvens de fumaça dos campos de batalha, mesmo que os campos de batalha estivessem em uma pacata noite de Halloween. Algumas pessoas até enrolaram toalhas molhadas em volta da cabeça na esperança de se proteger do gás venenoso marciano, ignorando os avisos de que nem máscaras de gás funcionavam. Talvez porque tenham dito que o gás era uma fumaça negra, alguns tenham imaginado que poderiam agir como em um incêndio.

Leia mais sobre isso AQUI.

Agora veja a revisita que ocorreu em 1º de abril de 2010:

Prefeito na Jordânia quer processar jornal que noticiou invasão alienígena

O prefeito de uma cidade na Jordânia quer processar um jornal que causou pânico ao divulgar a notícia falsa do pouso de discos voadores em um deserto com criaturas de três metros de altura como brincadeira de 1º de abril.

O jornal Al-Ghad publicou na primeira página que as naves haviam pousado na cidade de Jafr, no deserto no leste do país, e que redes de comunicação haviam sido interrompidas e provocado um grande susto na população local.

O prefeito de Jafr, Mohammed Mleihan, disse que pais ficaram tão assustados com a notícia que não mandaram as crianças para a escola. O prefeito disse que pensou em retirar os 13 mil moradores da cidade e que notificou imediatamente as autoridades de segurança, que teriam dado buscas na área, à procura de extraterrestres. Mas não encontraram nenhum.

O editor responsável do Al-Ghad, Moussa Barhoumeh, justificou que foi apenas uma brincadeira bem humorada para marcar a data, tida como o Dia da Mentira, e pediu desculpas por ter causado preocupação na cidade.

Mas ele não disse porque Jafr foi escolhida com esse propósito. A cidade, a cerca de 300 quilômetros da capital, Aman, é conhecida por ser próxima a uma base militar usada em algumas ocasiões por soldados americanos e jordanianos para exercícios conjuntos.

Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que o local já foi usado como centro de detenção de supostos militantes da rede extremista Al-Qaeda e alguns teriam sido transferidos para a Baía de Guantánamo. As autoridades jordanianas negam essa alegação.

Segundo o correspondente da BBC em Amã Dale Gavlak, os jordanianos são tidos como mais sérios do que, por exemplo, os egípcios, conhecidos como os mais brincalhões do mundo árabe.

Embora alguns jordanianos estejam tentando mudar essa imagem através da realização todos os anos de um festival internacional de comédia, para o prefeito de Jafr a brincadeira do Dia da Mentira foi longe demais.

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