quarta-feira, 8 de abril de 2009
Obama tranquiliza árabes e cutuca novo governo de Israel
Por Arshad Mohammed
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos EUA, Barack Obama, reafirmou nesta semana seu apoio inequívoco à criação de um Estado palestino e cutucou o novo governo conservador de Israel, que cuidadosamente evita se comprometer com tal meta.
Em visita à Turquia, Obama manifestou em dois dias consecutivos seu apoio a uma solução para o conflito que resulte em dois Estados -- Israel e Palestina --, embora o novo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, evite esse termo.
O ultradireitista chanceler de Netanyahu, Avigdor Lieberman, foi além, dizendo que o processo de paz está em um "beco sem saída" e que Israel não tem obrigação de seguir a declaração de Annapolis (2007), promovida pelos EUA, segundo a qual ambas as partes se comprometiam com "a meta de dois Estados".
"Ao dizer o que (Obama) disse na Turquia, acho que passa um claro sinal sobre a solução com dois Estados. É inegociável. Isso agora se tornou um pilar da política dos EUA", disse Ghaith Al Omari, diretor da entidade Força-Tarefa Americana para a Palestina.
"Netanyahu se esquiva da questão, aparentemente por causa da política doméstica, mas terá de assumir uma posição antes de vir aqui (Washington) encontrar Obama", disse Al Omari, ex-consultor do presidente palestino, Mahmoud Abbas. Segundo ele, o encontro entre Netanyahu e Obama deve acontecer em maio.
Obama promete fazer do conflito do Oriente Médio uma prioridade do seu governo, e dois dias depois da posse, em janeiro, nomeou um enviado especial para a região. Agora, o presidente espera atrair o cético Netanyahu para um diálogo com os palestinos.
O novo primeiro-ministro tem sido vago a respeito da sua disposição para negociar questões espinhosas, como as fronteiras e o status de Jerusalém. Afirma que sua prioridade é criar zonas de desenvolvimento para os palestinos e formas de aliviar as restrições representadas pelos bloqueios rodoviários israelenses na Cisjordânia.
A estratégia dos EUA pode ser a de conduzir Netanyahu a manifestar apoio, direta ou indiretamente, à solução com dois Estados. "Sem isso, é muito difícil avançar", disse um diplomata familiarizado com as posições do governo Obama.
ASSENTAMENTOS
Daniel Levy, ex-funcionário do governo israelense, hoje na entidade Nova Fundação Americana, em Washington, disse que a referência de Obama à conferência de Annapolis também é uma forma de reagir ao novo governo israelense.
Entretanto, analistas dizem que é cedo para avaliar até que ponto Obama estaria disposto a pressionar Netanyahu a assumir os compromissos necessários para um acordo de paz. Por enquanto, os dois governos ainda estariam se sondando.
Na semana passada, o enviado especial de Obama, George Mitchell, faz sua primeira viagem ao Oriente Médio desde a posse de Netanyahu. As negociações entre israelenses e palestinos estão suspensas desde a ação militar israelense de dezembro contra a Faixa de Gaza.
Na opinião de vários analistas, um indicador essencial será a posição que os EUA assumirem com relação aos assentamentos judeus na Cisjordânia. Um plano de paz norte-americano de 2003 exigia que Israel suspendesse a ampliação das colônias, o que não ocorreu.
"A questão reveladora para os próximos seis meses será como os dois lados irão lidar com essa questão", disse Alterman. "A partir daí, uma enorme quantidade (de decisões) irá se seguir."
swissinfo
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