Por Antonio João Dias Prestes
1) O início da nação
russa, incluindo a sua conversão ao cristianismo ortodoxo, se deu no principado
de Kiev, sob a dinastia de origem escandinava (varegos) dos Ruríkidas, no século
X d.C.
2) No início do século
XIII toda a área deste primeiro estado russo e ucraniano foi conquistado pelo
Império Mongol, e a maior parte destes povos/territórios/principados permaneceu
sob a suserania dos mongóis (tártaros), de credo muçulmano, até finais do
século XV.
3) A partir de meados
do século XIII, o núcleo de um futuro Estado russo começou a se desenvolver,
sob o comando de príncipes ruríquidas, em torno da cidade de Moscou, consolidando
sua força ao enfrentar os suecos, os cavaleiros teutônicos (alemães), os bálticos e os próprios
tártaros, expandindo-se rumo ao norte, oeste e sudeste, culminando, já no
século XVI, com a proclamação do Império (com a adoção do título de czar), a
“Terceira Roma”.
4) Enquanto isso, a
maior parte do atual território da Ucrânia passou ao poder do Estado/Reino/Comunidade
Polaco-Lituana, que teve o seu auge durante o século XVII, quando chegaram,
inclusive, a ocupar Moscou por alguns anos, durante a crise sucessória da
Rússia.
5) Ao longo dos séculos
XVII, XVIII e XIX, já sob a nova casa imperial dos Romanov, o Império Russo
teve uma expansão política e territorial extraordinária, chegando à costa do
Pacífico, e reconquistando áreas que pertenceram ao Estado Polaco-Lituano e ao Império Turco
Otomano, entre estes a maior parte da atual Ucrânia, incluindo a Península da
Criméia.
6) Com a Revolução
Russa, e, logo em seguida, Soviética (Comunista/Bolchevique), de 1917, o Estado
Russo se viu forçado a fazer um armistício com o Império Alemão, cedendo a este
e à recém recriada Polônia vastos territórios, entre os quais o da Ucrânia, no
qual veio a se criar um Estado-satélite das Potências Centrais (Alemanha e Áustria-Hungria).
7) Com a derrota alemã
ao fim da I Guerra Mundial, e com a vitória da Rússia Soviética na Guerra Civil
contra os “russos brancos” (anticomunistas de várias tendências), apoiados
pelas potências do Ocidente, foi constituída a União Soviética, em 1921, sendo
a Ucrânia integrada como uma de suas 15 repúblicas comunistas soviéticas.
8) Com a ascensão de
Joseph Stalin, o fim da gradualista NEP (Nova Política Econômica), instituída
por Vladimir Lenin, para uma transição rumo ao comunismo, ocorreram as grandes
coletivizações forçadas, com o extermínio dos camponeses prósperos e a grande
fome decorrente, que afetou, com milhões de mortes, em especial a região da Ucrânia,
no que ficou conhecido como o “Holodomor”.
9) A invasão da União
Soviética pela Alemanha nazista, na II Guerra Mundial, em 1941, teve um apoio
inicial por uma parcela dos ucranianos, o qual, salvo exceções muito pontuais,
foi logo abandonado, devido à selvageria generalizada praticada pelos nazistas contra todos
os eslavos e judeus, e a grande parte dos ucranianos se juntou aos russos e
demais povos da URSS, na chamada Grande Guerra Patriótica, que culminou com a
ocupação de Berlim e de quase todo o Leste Europeu pelos soviéticos, em 1945.
10) Com a morte de
Stalin e a ascensão de Nikita Krushev, a Criméia foi cedida por Moscou à RSS da
Ucrânia, embora sendo, assim como boa parte do leste ucraniano, habitada por
russos étnicos.
11) A dissolução da
União Soviética, ao final de 1991, foi precipitada pela declaração de independência
da RSS da Ucrânia, embora a própria Federação Russa, liderada pelo (supunha-se)
esquerdista Boris Yeltsin, também tenha optado por se desligar da URSS.
12) Com o fim da URSS,
houve um acordo entre a Rússia, a Ucrânia e o Cazaquistão, as três únicas
repúblicas soviéticas que detinham em seus territórios armas nucleares, para que
as duas últimas cedessem seus arsenais nucleares à Rússia.
13) Ao contrário do que
havia sido acordado, em 1990, nas negociações para a reunificação da Alemanha,
a OTAN, sob a liderança dos Estados Unidos, incorporou ao seu pacto militar
todos os Estados do antigo Pacto de Varsóvia, incluindo os três países bálticos, que fizeram
parte do Império Russo, e, entre 1940 e 1991, da própria URSS, mas não a
Finlândia, que permaneceu um Estado neutro.
14) Durante a última
década, a Ucrânia passou a ser governada por lideranças pró-Ocidente, que
incluíram na sua Constituição a promessa de incorporação do país à União
Europeia e à OTAN. A Rússia, por sua vez, reanexou a Crimeia e estimulou os movimentos
separatistas russos no leste da Ucrânia.
Salvador, BA,
21/02/2022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário