terça-feira, 22 de junho de 2010
Dunga não cede e Globo recua para não ser “vilã”
Bob Fernandes
Direto de Durban, para Terra
Resumo da ópera Dunga x Globo & Mídia em geral nesta terça-feira, 22 de junho de 2010: Dunga não vai ceder.
A seleção continuará fechada, focada nos termos em que Dunga e os jogadores decidiram, e o treinador não atenderá a apelos de quem quer que seja. O chamado “grupo”, a seleção brasileira, está pactuada com seu técnico.
Quem teve e tem acesso aos fatos, nada além de Sua Senhoria O Fato, conta:
- …o consenso interno é esse… Dunga não cederá, irá com sua filosofia até o final, dê no que der. Ele tem a convicção de que tem gente que quer detonar o trabalho dele e que não é hora para privilegiar ninguém.
Isso de um lado do cabo de guerra. De outro, as reações da Globo depois do episódio de domingo entre Dunga e o comentarista Alex Escobar - narrado aqui, na segunda-feira, no post “Dunga divide e racha com a Globo, que reage”.
O editorial de domingo, lido no “Fantástico” pelo apresentador Tadeu Schmidt, foi redigido nos mais altos escalões do jornalismo da emissora.
A Globo, depois da reação inicial, decidiu dar o episódio por encerrado. Até que os fatos, ou os fados, a levem a voltar ao tema, trabalhará apenas nos bastidores.
A emissora entende que deve cobrir a Copa como se o episódio tivesse sido superado, deixando sempre clara sua torcida pela melhor performance do Brasil.
A Globo leva em conta, para tomar essa decisão, o rumo da opinião pública, amplamente favorável a Dunga neste momento da Copa.
Mais ainda.
A emissora percebe claramente os riscos e não pretende se prestar ao papel - nem mesmo num plano secundário - de ”vilã” no caso de uma derrota. Se as coisas não caminharem bem para a seleção, entendem, que fique claro que a emissora nada fez além de jornalismo.
Insistir agora em críticas exacerbadas ao treinador seria, além de pouco produtivo, levar a Globo para uma posição de risco excessivo diante da opinião pública, sempre volúvel e sensível a quaisquer ventos em momentos de comoção.
Uma derrota e eliminação da seleção brasileira em Copa do Mundo é, sempre, um fator para comoções. Recordemos: Roberto Carlos até hoje paga pela célebre arrumada no meião no jogo contra a França em 2006, seja ele culpado ou não.
Barbosa, o goleiro de 1950, morreu meio século depois carregando a cruz da suposta falha no gol de Ghiggia na final contra o Uruguai. Para não irmos tão longe, fiquemos em 1998.
Até hoje prosperam boatos ridículos sobre a final França 3, Brasil 0. Um deles, sem pé nem cabeça, envolve imaginários interesses da Nike. Quem for aos comentários a esse texto, em seguida, perceberá claramente como o boato ainda vive.
Outro boato, também em 1998, criou problemas sérios para um profissional correto e sério da emissora, que chegou a receber ameaças após a derrota. Não volto ao núcleo da boataria de então para não reacender os mesmos apetites.
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