por Paulo Müzell*
Apesar da derrota de Bolsonaro em 2022, importante porque evitou o pior – a ampliação e a hegemonia da estupidez fascista do bolsonarismo entreguista -, decorridos os primeiros dezoito meses do governo Lula não há razões para otimismo.
Vivemos num período em que os partidos de direita e de extrema direita crescem em todo mundo: que a vitória de governos progressistas são raras exceções – a recente eleição de uma mulher de esquerda para a presidência do México é uma delas.
Lula, próximo de completar oitenta anos de vida, se elegeu por escassa margem de votos num cenário adverso. A direita e a extrema direita fascista têm ampla maioria no Congresso. O poder judiciário é, foi e sempre será conservador, um pilar de sustentação dos interesses patrimoniais da elite. O PT encolheu, perdeu consistência ideológica e relevância política. Junto com PSOL, tem uns poucos quadros lúcidos e ativos no cenário político nacional. Se fossemos nominá-los, a lista não preencheria os dedos de duas mãos.
A economia com Lula vai bem: PIB cresce moderadamente, desemprego e inflação baixos. Ainda assim, o Banco Central (leia-se Roberto Campos, agora o neto) teima em manter uma elevada taxa básica de juros, hoje mais de 6 por cento acima da inflação. Um absurdo. Esta é uma questão central porque a cada elevação de apenas um por cento da taxa, o caixa do Tesouro desembolsa 40 bilhões a mais para pagar os juros da dívida pública. Governo quer e precisa manter juros baixos; os rentistas o contrário, sempre querem lucrar mais. No confronto o governo é fraco, vacila. Nesta quebra de braços, o mercado vence e manda.
*Paulo Müzell é economista.