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terça-feira, 12 de junho de 2018
O mundo pode bem passar sem a cúpula do G7
A última cúpula das supostas principais economias acabou em desavença. Desse jeito, é melhor abrir mão do encontro anual cujo modelo já está mesmo obsoleto há mais de uma década, opina o jornalista Felix Steiner.
Angela Merkel e Emmanuel Macron deveriam simplesmente tomar a iniciativa e declarar juntos a suspensão de novas conferências de cúpula do Grupo dos Sete (G7). Quem poderia questionar que tenham esse direito? Uma vez que a Cúpula Econômica Mundial – como se chamava originalmente o encontro anual dos líderes das maiores nações industriais – remonta a uma ideia do então chanceler federal alemão, Helmut Schmidt, e do presidente francês, Valéry Giscard d'Estaing, não há dúvida que o direito autoral cabe a seus sucessores eleitos.
A renúncia ao megaevento seguramente não será nenhuma perda para a humanidade. Da ideia original – de uma conversa confidencial ao pé da lareira, longe de todas as amarras protocolares, como ocorreu pela primeira vez em 1975 – não resta mesmo mais nada. Em vez disso, a cada ano, de preferência no local mais distante possível, por medo de protestos, acontece uma algazarra de mais de mil jornalistas, interpretando ao vivo cada gesto e cada expressão facial dos Sete Grandes.
E por os dirigentes saberem disso, eles se encenam, enviam fotos suas para todo o mundo, sobretudo para impressionar o eleitorado em casa. Nunca foi possível observar tão bem quanto no atual encontro, como uma mesma cena pode suscitar tantas interpretações nacionais diferentes.
E aí vem a declaração final, após longas negociações diplomáticas e portanto extremamente vaga, que há vários anos faz parte da cúpula. Se vai ser assinada por todos ou não, não tem o menor efeito sobre os destinos do mundo.
Seja como for, há que se perguntar se, nas poucas horas que o encontro dura, é preciso mesmo barganhar sobre o lixo plástico no mar ou sobre o empreendedorismo feminino nos países em desenvolvimento. Ambos são, sem dúvida, temas importantes, mas nesse círculo? Não existem fóruns mais apropriados no contexto das Nações Unidas?
Em 2007, na alemã Heiligendamm, os estadistas deliberaram sobre a mudança climática, embora já tivesse ocorrido a Conferência do Clima anual. Quanto à crise financeira que oito semanas mais tarde abalaria o mundo, ninguém viu chegar. Os economistas chamam isso de negligenciar a competência distintiva. O resultado, em geral, é a falência.
De qualquer modo, faz tempo que o nome G7 não corresponde mais à realidade. Em vez de Itália e Canadá, há anos o lugar à mesa de conferências dos "Sete Realmente Grandes" deveria caber à Índia e sobretudo à China. Por isso, após a crise financeira, se criou o G20, especialmente para consultas sobre a economia mundial, uma vez que nada mais anda sem os países emergentes em rápido crescimento.
A rigor, já na época o G7 deveria ter se dissolvido, mas, convencido da própria importância, o grupo usou o estratagema de se redefinir como "comunidade de valores". O que é tão risível quanto a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a qual, à parte todo seu discurso de valores comuns, nunca teve problema com ditaduras militares, nem a grega, nem as diversas turcas.
Não, a Otan e o G7 não passam de comunidades de interesse ad hoc. E os Estados Unidos, como membro mais poderoso de ambos os clubes, decidiu, por canais democraticamente legitimados, redefinir agora seus interesses de política comercial. Os eleitores de Donald Trump se deliciam com a política de seu presidente, como provam as sondagens atuais. Nesse sentido, uma correção de curso não está à vista, no curto prazo, por mais que se deseje deste lado do Atlântico.
Com isso, o mais tardar agora o G7 perdeu sua base de existência, todo o resto era mesmo acompanhamento decorativo, sem valor prático real. Não se trata, em absoluto, de uma ruptura das relações transatlânticas, ainda há suficientes consultas em outros níveis.
Mas Angela Merkel tem decididamente razão ao afirmar que agora, mais do que nunca, tudo depende da unidade dentro da União Europeia. Um apelo dirigido, em primeira linha, a ela mesma, pois é quem melhor sabe o quanto das atuais distorções na UE foi desencadeado por ela e pelos governos que liderou.
Deutsche Welle
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Historiador Eric Hobsbawm morre aos 95 anos
NOTA DE FALECIMENTO
O historiador Eric Hobsbawm morreu nesta segunda-feira, dia 1º de outubro, após um "longo tempo doente", diz o site do jornal The Guardian. Nascido em Alexandria, no Egito, e cidadão britânico, Hobsbawm é o autor da trilogia "A Era das Revoluções", "A Era do Capital" e "A Era dos Impérios", sobre o período entre 1789 e 1914. Marxista de formação, também escreveu "A Era dos Extremos".
A informação sobre a morte do historiador no hospital Royal Free de Londres veio da filha dele, Julia, diz o Guardian. Nascido em 1917, Eric Hobsbawm era professor emérito da Universidade de Londres e suas convicções marxistas fizeram dele uma figura polêmica, apesar dele ter influenciado numerosos estudiosos na área da história ocidental.
Hobsbawm defendia o socialismo mesmo após o colapso da União Soviética, após o fim da Guerra Fria. De acordo com o Guardian, ele teria dito que nunca tentou "diminuir as coisas terríveis que aconteceram na Rússia", mas que ele "acreditou que um novo mundo estava nascendo em meio a lágrimas, sangue e horror" no projeto inicial do comunismo.
No Reino Unido, o historiador disse ter ficado decepcionado com a gestão de Tony Blair, que era do Partido Trabalhista.
Com sua morte, ele deixa os filhos Joshua, Julia e Andy Hobsbawm, além de sete netos e um bisneto.
Exame
sábado, 21 de janeiro de 2012
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
quarta-feira, 14 de julho de 2010
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Na fria noite de Berlim
Dali:

Luiz Paulo de Pilla Vares foi um dos melhores homens que conheci, um dos mais brilhantes jornalistas que vieram à letra, uma pessoa cheia de fragilidades e de encantos, mas numa combinação de inteligência e sensibilidade que a poucos foi dado viver. Amou o amor, amou seu povo, amou o futuro. E o socialismo, que ele nunca abandonou.
Flávio Aguiar
Na fria noite de Berlim, eu recebo a notícia: Luiz Paulo se foi “para o país do eterno olvido”, como dizia o grande poeta gaúcho Aureliano de Figueiredo Pinto.
Luiz Paulo de Pilla Vares (assim conheci seu nome, nem sei se era o exato), um dos melhores homens que conheci, um dos mais brilhantes jornalistas que vieram à letra, uma pessoa cheia de fragilidades e de encantos, mas numa combinação de inteligência e sensibilidade que a poucos foi dado viver.
Luiz Paulo carregava com ele aquela luz do amanhecer das culturas. Tinha também o crepúsculo doído dos que sofreram na vida, a gente via no seu olhar. Mas era tudo pelo mais melhor de bom, porque se Luiz Paulo tinha alguma qualidade, era a de que ele era o mais melhor de bom.
Nunca vi coração mais largo. Se teve estreitezas, que jogue a primeira pedra quem nunca teve alguma. Luiz Paulo era bonito. Carregava naqueles olhos claros a esperança de um mundo possível, cheio de coisas boas. O socialismo do Luiz Paulo era o melhor que a gente podia ter. Era um socialismo cheio de democracia, cheio de povo, cheio de gente contente, nada de burrocracias, nada de totalitarismos, nada de donos da verdade, nada de donos de campinho.
A última vez que vi Luiz Paulo foi na Casa de Cultura Mário Quintana, em 2002. Brindamos um café juntos. Foi um brinde olho no olho, sem dúvidas nem problemas. Lembramos dos tempos em que morávamos na mesma Porto Alegre, aquela dos bondes e do Guaíba rumorejando nos nossos ouvidos, nas frias noites de inverno ou nas cálidas manhãs de verão.
Lembramos de nossos sonhos de ter um cinema generoso que retratasse o nosso Rio Grande de modo criativo, nem deprê, nem eufórico. Luiz Paulo era o melhor de nós, era o que de melhor havia em nós, povo gaúcho entregue às lides e às margens das fronteiras, aos rudes falares contra o vento, às cerrações de outono e das ditaduras, aos punhais de inverno que cortavam nossos junhos e nossos corpos e espíritos nos cárceres.
Contra tudo, Luiz Paulo erguia seu peito pequeno, mas amplo como um céu estrelado. Naquele dia, na Casa de Cultura, Luiz Paulo vestia sob o paletó um colete cinzazul, estava frio, nem tanto, mas o suficiente para que aconchegássemos as golas sobre os pescoços. Ele me falou de seus projetos de secretário e de vida. Luiz Paulo era um homem de projetos, ele era um projeto, era um projeto do homem do futuro.
Luiz Paulo era um homem de coragem, como diz o Ney Matogrosso, um homem com h. Eu sei que ele amou profundamente a vida e na vida. Amou o amor, amou seu povo, amou o futuro. E o socialismo, que ele nunca abandonou.
Luiz Paulo, os antigos povos do pampa acreditavam que as almas dos bravos corriam pela esteira da Via-Láctea, em que eles viam uma extensão dos nevados píncaros dos Andes, atrás de uma linda ema simbolizada pelo Cruzeiro do Sul.
Sei que lá estás, correndo eternamente atrás de teus ideais. Que são os nossos. Reza por nós. Reza de ateu vale mais.
Flávio Aguiar é editor-chefe da Carta Maior.
LEIA RS URGENTE

Luiz Paulo de Pilla Vares foi um dos melhores homens que conheci, um dos mais brilhantes jornalistas que vieram à letra, uma pessoa cheia de fragilidades e de encantos, mas numa combinação de inteligência e sensibilidade que a poucos foi dado viver. Amou o amor, amou seu povo, amou o futuro. E o socialismo, que ele nunca abandonou.
Flávio Aguiar
Na fria noite de Berlim, eu recebo a notícia: Luiz Paulo se foi “para o país do eterno olvido”, como dizia o grande poeta gaúcho Aureliano de Figueiredo Pinto.
Luiz Paulo de Pilla Vares (assim conheci seu nome, nem sei se era o exato), um dos melhores homens que conheci, um dos mais brilhantes jornalistas que vieram à letra, uma pessoa cheia de fragilidades e de encantos, mas numa combinação de inteligência e sensibilidade que a poucos foi dado viver.
Luiz Paulo carregava com ele aquela luz do amanhecer das culturas. Tinha também o crepúsculo doído dos que sofreram na vida, a gente via no seu olhar. Mas era tudo pelo mais melhor de bom, porque se Luiz Paulo tinha alguma qualidade, era a de que ele era o mais melhor de bom.
Nunca vi coração mais largo. Se teve estreitezas, que jogue a primeira pedra quem nunca teve alguma. Luiz Paulo era bonito. Carregava naqueles olhos claros a esperança de um mundo possível, cheio de coisas boas. O socialismo do Luiz Paulo era o melhor que a gente podia ter. Era um socialismo cheio de democracia, cheio de povo, cheio de gente contente, nada de burrocracias, nada de totalitarismos, nada de donos da verdade, nada de donos de campinho.
A última vez que vi Luiz Paulo foi na Casa de Cultura Mário Quintana, em 2002. Brindamos um café juntos. Foi um brinde olho no olho, sem dúvidas nem problemas. Lembramos dos tempos em que morávamos na mesma Porto Alegre, aquela dos bondes e do Guaíba rumorejando nos nossos ouvidos, nas frias noites de inverno ou nas cálidas manhãs de verão.
Lembramos de nossos sonhos de ter um cinema generoso que retratasse o nosso Rio Grande de modo criativo, nem deprê, nem eufórico. Luiz Paulo era o melhor de nós, era o que de melhor havia em nós, povo gaúcho entregue às lides e às margens das fronteiras, aos rudes falares contra o vento, às cerrações de outono e das ditaduras, aos punhais de inverno que cortavam nossos junhos e nossos corpos e espíritos nos cárceres.
Contra tudo, Luiz Paulo erguia seu peito pequeno, mas amplo como um céu estrelado. Naquele dia, na Casa de Cultura, Luiz Paulo vestia sob o paletó um colete cinzazul, estava frio, nem tanto, mas o suficiente para que aconchegássemos as golas sobre os pescoços. Ele me falou de seus projetos de secretário e de vida. Luiz Paulo era um homem de projetos, ele era um projeto, era um projeto do homem do futuro.
Luiz Paulo era um homem de coragem, como diz o Ney Matogrosso, um homem com h. Eu sei que ele amou profundamente a vida e na vida. Amou o amor, amou seu povo, amou o futuro. E o socialismo, que ele nunca abandonou.
Luiz Paulo, os antigos povos do pampa acreditavam que as almas dos bravos corriam pela esteira da Via-Láctea, em que eles viam uma extensão dos nevados píncaros dos Andes, atrás de uma linda ema simbolizada pelo Cruzeiro do Sul.
Sei que lá estás, correndo eternamente atrás de teus ideais. Que são os nossos. Reza por nós. Reza de ateu vale mais.
Flávio Aguiar é editor-chefe da Carta Maior.
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