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domingo, 27 de março de 2011

A energia nuclear não é necessária, limpa ou segura

Foto tirada em Chernobyl, após o desastre.
Artigo de Kumi Naidoo, do The International Herald Tribune (via Itamaraty)

Doze dias não foram suficientes para compreender a magnitude das catástrofes que se abateram sobre o Japão a partir de 11 de março. Das crianças que perderam seus pais nos desmoronamentos do terremoto, àqueles cujos entes queridos ainda estão desaparecidos após o tsunami, à grande quantidade de trabalhadores que arriscam sua saúde tentando estabilizar o complexo nuclear de Fukushima - há um sem fim de histórias trágicas.

Mas, além do sentimento de pesar e empatia pelo povo japonês, estou começando a sentir uma outra forma de emoção, que é a raiva.

Enquanto aguardamos ansiosamente cada fragmento de notícia sobre os desdobramentos em Fukushima, esperando que os vazamentos de radiação sejam eliminados, o risco de novas catástrofes seja evitado e o povo japonês tenha um pesadelo a menos para lidar, governos de todo mundo continuam promovendo novos investimentos em energia nuclear. Apenas na semana passada, o governo de meu país, a África do Sul, anunciou que está acrescentando 9,6 mil megawatts de energia nuclear a seu novo plano energético.

Há dois pressupostos perigosos atualmente se exibindo como fatos em meio à crise nuclear no Japão. O primeiro é que a energia nuclear é segura. O segundo é que a energia nuclear é um elemento fundamental de um futuro com baixas emissões de carbono - necessário para evitar uma mudança climática catastrófica. Ambos são falsos. A tecnologia nuclear sempre será vulnerável a erros humanos, desastres naturais, falhas de projetos ou ataques terroristas. O que vemos em Fukushima são falhas dos sistemas. Os reatores resistiram ao terremoto e ao tsunami, mas os sistemas de resfriamento falharam. Quando os equipamentos elétricos de emergência também falharam, os reatores superaqueceram e isso acabou acarretando vazamentos de radiação. Esse é apenas um exemplo do que pode dar errado.

A energia nuclear é inerentemente insegura e a lista dos males possíveis resultantes da exposição à radiação concomitante é assustadora: mutações genéticas, defeitos de nascença, cânceres e distúrbios nos sistemas reprodutivo, imunológico, cardiovascular e endócrino.

Apesar de termos ouvido falar de Chernobyl e Three Mile Island, a indústria nuclear sempre quis nos fazer acreditar que esses foram casos isolados numa história quase impecável. Não é bem assim. Mais de 800 outros eventos significativos foram oficialmente reportados à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

O argumento de que a energia nuclear é um componente necessário para um futuro livre de emissões de carbono também é falso. O Greenpeace e o Conselho Europeu de Energias Renováveis montaram em conjunto um estudo chamado Energy (R)evolution, que demonstra como a energia limpa é mais barata, mais saudável e traz resultados mais rápidos para o clima do que qualquer outra opção. Esse plano pede o desligamento progressivo dos reatores nucleares e uma moratória à construção de novos reatores comerciais.

Além disso, um cenário energético produzido pela AIEA salienta o fato de que a energia nuclear não reduz as emissões de gases causadores do efeito estufa. Mostra que embora a capacidade de energia nuclear existente possa ser quadruplicada até 2050, a proporção de energia que ela forneceria ainda ficaria abaixo de 10% em âmbito global. Isso reduziria as emissões de dióxido de carbono em menos de 4%. A mesma quantia de dinheiro investida em fontes de energia limpa e renovável poderia causar um impacto muito maior para reduzir o aquecimento global.

A energia nuclear é uma distração cara e mortífera às verdadeira soluções. As fontes de energia que dispensam combustíveis não geram conflitos internacionais, não "secam" e não vazam. Há investimentos iniciais a ser feitos, mas, com o tempo, o preço das energias renováveis declinarão à medida que a tecnologia evoluir e a competição do mercado derrubar os custos. Além disso, a aplicação sábia de um futuro verde, sem energia nuclear e fóssil, criará uma legião de empregos novos e seguros.

No momento em que organizações como o Greenpeace se unem ao Centro de Informação Nuclear dos Cidadãos do Japão num apelo ao governo japonês pela melhoria de planos de retirada e outras medidas protetoras para pessoas que ainda estão na zona de interdição de 30 km do entorno de Fukushima; que a questão da contaminação de alimentos e água continua crescendo; que comprimidos de iodo continuam sendo vendidos por todo o globo e pessoas em lugares tão distantes do Japão estão em alerta por "nuvens radioativas" - é imperativo que, como cidadãos, continuemos expressando oposição a novos investimentos em energia nuclear. Precisamos de uma revolução energética realmente limpa, já.

TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Protesto antinuclear acirra campanha eleitoral na Alemanha no aniversário de Chernobil


Aniversário de 24 anos da tragédia de Chernobil foi precedido por protestos contra energia nuclear. Mais de 100 mil pessoas uniram-se em corrente humana às vésperas de eleições estaduais na Alemanha.

O dia 26 de abril de 1986 ficou marcado na história pelo acidente mais grave já ocorrido em uma usina nuclear. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a explosão ocorrida na cidade ucraniana de Chernobil, que na época fazia parte da União Soviética, ocasionou a morte de quase 9,3 mil pessoas devido aos efeitos da radiação.

Na Alemanha, 24 anos mais tarde, mais de 100 mil pessoas fizeram uma corrente humana em uma das maiores manifestações antinucleares das últimas décadas. O protesto ocorreu neste sábado (24/04), duas semanas antes das eleições estaduais no estado da Renânia do Norte-Vestfália, impondo-se como um fator que pode ser decisivo no pleito eleitoral.

O objetivo dos manifestantes foi enviar um sinal claro contra a política nuclear do atual governo de coalizão em Berlim, que pretende prorrogar o prazo de funcionamento de reatores nucleares na Alemanha. O protesto ocorre em um momento político importante, devido às eleições estaduais que se anunciam.

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