quinta-feira, 13 de junho de 2024

ENCURRALADO

ENCURRALADO

(outra forma de contar a mesma coisa) 

 

Um amigo assumiu a direção de hospital psiquiátrico e me convidou para visitá-lo.

Em uma manhã com o céu encoberto e ameaçador, como iria passar por perto, decidi fazer a visita. 

Estacionei o carro em uma vaga bem em frente ao hospital e me dirigi à portaria do prédio, que ficava no final de uma fileira de árvores raquíticas. 

O silêncio era quase total, a não ser por estalidos que a velha casa que servia de manicômio emitia eventualmente. 

No que parecia ser uma recepção havia um velho balcão e em cima dele uma xícara de café ainda fumegante. 

Esperei um pouco e, como não vinha ninguém, apertei o botão de uma campainha de mesa, tipo sineta. 

O som da campainha reverberou pela casa e retornou com um eco. Ninguém se apresentou. 

Como não dispunha de muito tempo decidi entrar por um corredor com várias portas em ambos os lados, para ver se encontrava alguma pessoa. 

Quando estava no fundo do corredor escutei um ruído atrás de mim e, assustado, me virei rapidamente para ver o que era. 

Na minha frente estava um homenzarrão de aproximadamente dois metros de altura portando na mão direita uma grande faca de ponta curva. 

Tentei falar alguma coisa, porém da minha boca só saiu um grunhido abafado. 

O homem se aproximou rapidamente, em posição de ataque. 

Minha única saída era uma porta à minha direita que estava ligeiramente entreaberta. Me esgueirei por ela e vi que tinha outra porta que dava para um jardim. Corri até o jardim e o homem correu atrás de mim. 

Vi, então, que no final do jardim tinha uma escadaria. 

Corri até lá e subi o mais rapidamente possível, seguido pelo atacante, que parecia furioso. 

Entrei em um longo corredor que dava para outra porta. Penetrei nesse novo recinto e percebi, apavorado, que era uma sala sem outra saída. 

Corri para um canto, atrás de um armário, tentando desesperadamente me esconder. O homem com a faca me localizou e veio velozmente em minha direção, com expressão de vitória no olhar. 

Chegou bem perto de mim, levantou a faca e me entregou, dizendo: 

“Agora é tua vez!”.

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