Tudo
começou quando um amigo de Porto Alegre de origem francesa, Robert Charles
Ponge, professor da UFRGS, foi cursar doutorado na USP, São Paulo.
Robert
retornou de São Paulo em meados de 1988 com o grau de Doutor, ostentando uma
flamante faixa amarela de Aikido, recebida em função de seus treinamentos nas
dependências da Sociedade Esportiva Palmeiras.
Para
quem não sabe, a faixa amarela de Aikido no Brasil corresponde ao quinto kyu, que
o praticante faz jus ao realizar com êxito o primeiro exame desde que inicia a
prática.
Como
não existia na época Aikido do Rio Grande do Sul, Robert convocou sua companheira,
Nara, para servir de espécie de sparring. Os dois, porém, pareciam não estar
muito contentes com esse arranjo.
Robert,
então, me convidou para treinar com ele.
Nessa
época eu estava na faixa dos 30 anos de idade e nunca tinha me passado pela
cabeça praticar alguma arte marcial, pois possuía espírito pacifista e
associava as artes marciais com violência (atualmente não sei mais se possuo
espírito pacifista ou ele é que me possui). Obviamente não conhecia o
Tradicional Aikido do Japão.
Não
lembro bem porque, talvez por curiosidade, aceitei a oferta.
Robert
me emprestou roupas adequadas, uns dois números maiores do que meu manequim na
época, e realizamos dois ou três treinos rudimentares, em meados de
outubro/novembro de 1988, em um Dojo localizado na Escola Superior de Educação
Física, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Em
um belo dia - noite no caso - ele informou que receberíamos a visita de um
cidadão de origem japonesa que estava de mudança para Porto Alegre e praticava
Aikido em São Paulo. Seríamos, então, três praticantes a partir do próximo ano,
1989. Nessas alturas, Nara já estava gradativamente deixando de participar dos
treinamentos.
De
fato, na outra semana apareceu um cidadão japonês, que já estava graduado com o Segundo Dan do Aikido, ou seja, era um "faixa preta".
Tratava-se
de Roberto Maruyama, atualmente Sétimo Dan.
Treinamos
um pouco nessa ocasião e então, pela primeira vez, tive contato com o
verdadeiro espírito do Aikido, porque Robert e eu éramos quase que um cego
conduzindo outro.
O
Sr. Maruyama então voltou para São Paulo e avisou que retornaria
definitivamente a Porto Alegre no início de 1989. Robert e eu ficamos de procurar
outro local para treinar, pois na ESEF estávamos quase que na clandestinidade.
Em
um belo dia estava eu caminhando no centro de Porto Alegre quando encontro um
ex colega de caserna, do Regimento de Cavalaria localizado em Santa Rosa, nossa
origem comum, onde servimos juntos por alguns meses.
Esse
colega, Irone Dendena, casualmente era sócio proprietário de uma Academia na
rua General Câmara, centro de Porto Alegre, a Academia Stylo. Essa Academia
tinha aulas variadas, desde dança de salão, violão e box, até artes marciais de
origem oriental.
Solicitei
e ele gentilmente abriu um espaço para iniciarmos os treinamentos de Aikido,
coincidindo com a vinda de Maruyama Sensei.
Inicialmente
foram dois ou três horários semanais, bem no final das noites, porém já era
alguma coisa.
E foi mais ou menos assim que iniciou o Aikido
no RS.
Após
alguns meses, com crescimento meio que vegetativo do número de praticantes, uma
noite se apresentou na Academia um grupo de pessoas oriundas de uma Sociedade
Macrobiótica, algumas delas aparentando problemas de saúde (brincadeira), querendo
treinar conosco. Foram, obviamente, muito bem recebidas.
Dentre
esses estavam Vargas Sensei, atual responsável pelo Aikido no RS, e o saudoso
Cesar Xavier.
Mas
isso já deixa de ser pré-história.
Omar
Rösler
Outono
de 2015
Observação: peço
desculpas aos nominados no texto, pois não solicitei permissão para citá-los.
Caso alguém se sinta incomodado posso retirar o nome, sem problemas.
Informações sobre Aikido: www.aikido.com.br
Muito obrigado Sensei Omar, por dividir essa história com todos os praticantes( eu não conhecia)!
ResponderExcluirDomo Arigato Gozaimashita!
Plagiando o que o "grupo de pessoas oriundas de uma Sociedade Macrobiótica" devem saber, ou seja, o pensamento de Ohsawa Sensei que uma semente pode desenvolver 10.000 frutos, agradeço ao Roesler Sensei por ter suportado os treinamentos com o Ponge San, bem como, ter conversado com o Sr. Irone Dendena, pois isso possibilitou além do inicio efetivo do Aikido no RS, de forma indireta, a consolidação do Aikido no Estado do Paraná e atualmente seus 10 Dojos. Rodolfo Reolon
ResponderExcluirCaro Amigo Rodolfo Reolon Sensei, obrigado pelas palavras. Parabéns pelo belo trabalho que está sendo realizado no Paraná. Foi muito bom ter reencontrado o amigo em Florianópolis! Grande Abraço!!!
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