domingo, 13 de janeiro de 2019

MASCOTES





“Hoje em dia a criação de animais de estimação ... alcança escala sem precedentes na história humana. Ela reflete a tendência dos homens e mulheres contemporâneos a se refugiar em família para maior satisfação emocional. Cresceu rapidamente com a urbanização; a ironia é que apartamentos apertados e sem jardins efetivamente estimulam a manutenção de animais desse tipo. Esterilizado, isolado e geralmente sem contato com outros animais, o mascote é uma criatura com o mesmo modo de vida que seu dono; e o fato de que tantas pessoas considerem necessário, para sua integridade emocional, criar um animal dependente diz-nos muita coisa sobre a sociedade atomizada em que vivemos. A difusão dos animais domésticos entre as classes médias urbanas no início do período moderno é, dessa maneira, um processo de grande envergadura social, psicológica e, inclusive, comercial.”

Keith Thomas em “O Homem e o Mundo Natural” (1983)


Nota do Omar: Não estou me posicionando ao publicar esse pequeno texto. Tenho muitas amigas e amigos que convivem de forma harmônica e prazerosa com seus mascotes e não tenho absolutamente nada contra isso. O que me chamou a atenção é que já em 1983 (36 anos atrás), esse viés comercial já era constatado, tendo se aprofundado bastante desde então.

3 comentários:

  1. Sim, isto não é uma situação recente no espaço humano. Vide os cachorros que sempre acompanham os caçadores na caçada esportiva, as aves que servem de mensageiros, os peixes ornamentais e tantos outros animais que se tornaram célebres como boas companhias humanas por sua domesticidade aos nossos costumes.
    Assim foi o caso, por exemplo, de um cachorrão gigantesco e bege que adentrou com seus donos no restaurante em que estávamos em Paris. Eles(os donos)encontraram lugar justamente ao lado da mesa que ocupávamos. O cão não teve dúvidas: depois que os donos ocuparam seus lugares na mesa, ele deitou-se entre as duas mesas - a nossa e a deles - e foi se espanhando na direção dos meus pés até quase cobri-los, o que gerava imobilidade, dado o tamanho do animal que permaneceu ali, tranquilo, esperando que seus donos almoçarem, deitado sobre os pés que eram os meus que não me atrevi a entabular uma discussão sobre o assunto com proprietários de tão grande animal, limitando-me a me retirar quando eu mesma terminei a refeição.
    Às vezes, a necessidade de companhia animal está vinculada a uma necessidade de ampliação do espaço físico e emocional que seus donos mesmos não se sentem em condições de cumprir sozinhos.
    Além do mais era já o final do outono e o animal estava quentinho!!!

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  2. Bom saber que continuas blogando, Omar! Talvez eu volte também para o blog. Enchi o saco de Face - acho que, feitas as contas, estou só ficando velho, eu e os meus três cuscos, que são novinhos, e os dois mais velhos não passam de 4 anos.

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    1. Grande Jean, se retornares para o blog me avisa! Abração

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