quarta-feira, 27 de março de 2013

Caso Feliciano expõe poder da religião na política nacional

Bancada religiosa representa um quinto do Congresso e se une para conter o avanço de pautas como aborto, drogas, direitos das mulheres e de homossexuais. Postura leva a questionamentos sobre real laicidade do Estado.

A controversa escolha do deputado federal Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara não é um fato isolado. Ela expõe, segundo especialistas, a consolidação do poder político das religiões no Brasil, sobretudo da evangélica, que cada vez mais direciona forças para impor sua agenda.

Os parlamentares ligados a instituições religiosas já representam um quinto do Congresso. Em 20 anos, o número de deputados federais e senadores evangélicos mais que triplicou – saltou de 23 em 1990 para 73 em 2010, perdendo hoje só para a bancada ruralista. E, com isso, os embates com grupos de direitos civis, pró-liberalização do aborto e das drogas, de direitos humanos e de defesa da laicização do Estado se intensificaram.

"Os católicos sempre foram hegemônicos no Brasil, você não precisava nem dizer que pertencia a essa religião. Mas, com o crescimento dos evangélicos, há um desequilíbrio nessa equação. A disputa foi para além dos limites do campo religioso, porque estar na política é garantir espaços privilegiados", destaca Christina Vital, professora de ciências sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Sob o pretexto de "proteger a família e a vida", os parlamentares das bancadas católica (22 congressistas) e evangélica deixam as diferenças de lado e chegam a trabalhar juntos para tentar conter o avanço de pautas como aborto, casamento homossexual e liberalização das drogas.

Mas os atuais esforços de hoje diferem da atuação após a redemocratização, quando parte do segmento católico e evangélico foi importante para o avanço dos direitos humanos e pautas da minoria, como temas ligados à terra, melhoria das condições de trabalho e dos direitos cidadãos. Os assuntos, no entanto, não afetavam a reprodução e a sexualidade.

E as alianças formadas pelas bancadas religiosas têm grande poder de ramificação. Como exemplo, a Frente Parlamentar em Defesa da Vida e Preservação da Família, que une católicos, evangélicos e outros políticos de alguma forma ligados a esses preceitos, conta com 192 parlamentares (40% do Congresso).

"Não são somente eles que são conservadores. Eles vocalizam boa parte do que a população brasileira pensa sobre aborto, direitos das mulheres e de homossexuais", diz Vital.

Frank Usarski, professor de ciências da religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), diz que, em comparação com a Alemanha, por exemplo, o pluralismo das forças religiosas é menor no Brasil, porém a influência da religião é maior. "O enraizamento das igrejas na consciência e na realidade social dos brasileiros é maior", afirma o especialista alemão.

Estado laico

E, dessa forma, as religiões ameaçam o Estado laico brasileiro, como alerta o livro Religião e política: uma análise da atuação de parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e de LGBTs no Brasil. O estudo, de autoria dos pesquisadores Christina Vital e Paulo Victor Leite Lopes, é fruto da parceria entre a Fundação Heinrich Böll no Brasil e o Instituto de Estudos da Religião (Iser).

Nele, os autores descrevem o avanço dos evangélicos na política na década de 1980 e dizem que essa movimentação no campo político-religioso pelos evangélicos "introduziu um empowerment de diferentes tradições religiosas". Dessa forma, diz o texto, as igrejas passaram a reivindicar um lugar para si a fim de ampliarem a influência de suas denominações, tradições e valores.

Cerca de metade dos deputados pentecostais é composta por pastores, cantores gospel e parentes de líderes de igrejas, tele-evangelistas e donos de emissoras de rádio e TV. E, para serem eleitos, eles dependem do apoio eleitoral de pastores e líderes das igrejas.

"Essa dependência reforça o caráter corporativista e moralista de seus mandatos e seu compromisso de atuarem como despachantes de igreja", opina Ricardo Mariano, professor de sociologia da PUC do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em artigo recentemente publicado pela Revista de História.

Mas um equilibro das forças, mesmo que religiosas, é bem visto no palco político nacional. "É bom que diminua o poder dos católicos, mas que não se substitua um equívoco por outro – que seria a luta de algumas religiões evangélicas contra a predominância católica", destaca Ubirajara Calmon, professor aposentado de ética e teologia da Universidade de Brasília (UnB).

Luta pelo poder

Mas os evangélicos não são os primeiros a inaugurar a relação entre Estado e religião. O Brasil se tornou formalmente laico a partir da primeira Constituição Republicana, em 1891, "mas a igreja Católica sempre fez esforço ao longo desse período para garantir presença no Estado público", destaca Vital.

Como exemplo, está a introdução na Constituição de 1934 da obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas brasileiras e o acordo Brasil-Santa Sé aprovado em 2009 – que dá mais direitos à Igreja Católica em território nacional e recebeu na época críticas de organizações não governamentais e até mesmo do Ministério da Educação.

Para Vital, a questão da laicidade do Brasil é embaralhada, até mesmo pela abrangência do termo. Ela cita, por exemplo, o fato de não existir contribuição direta do imposto de renda para instituições religiosas, como acontece em alguns países da Europa.

"Por esse lado, o Estado é laico. Mas, por outro, se laicidade não é a presença da religião ou não ter a interlocução da religião com o segmento político, aí o Brasil não é laico. No Brasil, há uma enorme presença do elemento religioso no espaço público", concluiu.

DW.DE

Fonte da imagem AQUI.

segunda-feira, 25 de março de 2013

¿Cómo es Irak hoy 10 años después de la invasión?

Fonte da imagem AQUI.

Diez cifras que ayudan a entender la realidad política y economica de Irak

eldiario.es
 
9º Estado fracasado

Irak es el noveno país en el ranking de estados fracasados o fallidos que elabora la revista Foreign Policy. La lista la encabezan Somalia, Congo, Sudán, Chad y Zimbabue. Los peores datos de Irak se refieren a las categorías relacionadas con la militarización del país (por la abundancia de fuerzas de seguridad y militares), conflictos internos (entre grupos políticos, étnicos o religiosos) y élites sectarias (dirigentes que sólo responden ante el grupo al que representan y con un bajo sentimiento de representar a todos los ciudadanos).

En 2007, Irak llegó a ser el segundo peor Estado del mundo en ese ranking. 
 
56 muertos

La última ronda de atentados de la insurgencia suní en la mañana del martes acabó con 56 muertos y más de 200 heridos. La mayoría fueron explosiones de coches bomba dirigidos contra la población civil de confesión chií. El mayor número de muertos se produjo frente al Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales.

Obviamente, la violencia en Irak es muy inferior a los peores años de la guerra civil entre suníes y chiíes de 2006 y 2007. Sin embargo, el país se ha rendido a un estado de violencia permanente en el que las cifras varían mucho en función de la zona. La provincia de Bagdad continúa siendo una de las más violentas. Cuando el número de víctimas se reduce durante varios meses, en seguida se produce un aumento repentino. Entre marzo y mayo de 2012, el número de muertos en Bagdad cayó a 44, 54 y 49 muertos, unos números bajos para lo habitual en Irak. En junio saltó a 147.

El Gobierno se ve incapaz de acabar con Al Qaeda en Irak y otros grupos insurgentes, pero esos no pueden sostener sus ofensivas durante muchos meses seguidos. En términos relativos, la ciudad de Mosul es aún más violenta que la capital, aunque allí los atentados con bomba son menos habituales y más frecuentes los tiroteos. 
 
24,2% de los votos 
 
Nouri Al-Maliki domina la vida política de Irak a pesar de que la coalición que dirige sólo obtuvo el 24,2% de los votos en 2010. Maliki ha confirmado el adagio que decía que Irak sólo podía ser gobernado por una mano dura. Y la suya es especialmente cruel, favorecida por la continuación de la violencia. El primer ministro se ve favorecido por un sistema de política sectaria en la que chiíes, suníes y kurdos votan a sus partidos sin cuestionarse otras opciones.

El reparto del poder entre chiíes y kurdos, que deja fuera a los suníes, ha sido una constante desde las primeras elecciones. Básicamente, los chiíes controlan el Gobierno central desde Bagdad, mientras que los kurdos gozan de la mayor autonomía que hayan tenido nunca en el norte. Al ser el principal dirigente chií, Maliki tiene asegurado el poder, en especial por su control de las fuerzas de seguridad y del Ejército.

La legislación antiterrorista es una palanca decisiva con la que el Gobierno mantiene controlados a sus enemigos, en especial entre los suníes. Los tribunales aplican, de forma indiscriminada para los suníes, el artículo 4 de esa ley. Cualquier persona que participe en actos terroristas o los promueva o financie es condenada a la pena de muerte. Cualquier persona que encubra esos delitos es condenado a cadena perpetua.

La ley antiterrorista ha servido para eliminar a rivales políticos, como fue el caso del vicepresidente (suní) Al-Hashemi, refugiado en Turquía para escapar de una detención provocada por una denuncia de credibilidad dudosa. Otros enemigos de Maliki han sido amenazados con sufrir el mismo destino. Las denuncias por torturas en las comisarías son numerosas. A la policía no le resulta difícil arrancar confesiones por la fuerza.

El Gobierno no tiene la menor intención de anular el artículo 4, a pesar de las protestas de la comunidad suní. En eso, tiene el apoyo de los partidos kurdos.

En 2005, la pena de muerte fue reinstaurada en Irak. La cifra de ejecutados desde 2005 llega a 447. Sólo en 2012 fueron ahorcados 129 presos. Centenares de personas están ahora en el corredor de la muerte.

600.000 peregrinos

Cada año se celebran peregrinaciones multitudinarias a los lugares santos del Islam chií en Nayaf y Kerbala. La cita más importante se produce cuando se conmemora la muerte de Hussein en la batalla de Kerbala donde los califas omeyas derrotaron en el año 680 a los que podríamos llamar los padres fundadores del chiísmo. Los peregrinos se cuentan por millones, y entre ellos puede haber unos 600.000 extranjeros, muchos de ellos procedentes de Irán.

La conexión religiosa entre Irán e Irak (un Irak gobernado por chiíes) es indestructible y se basa en siglos de persecuciones. La idea del mártir está firmemente sellada en las dos culturas. Los neoconservadores norteamericanos pensaban que un Irak sin Sadam Hussein y dominado por los chiíes sería un aliado natural de EEUU en Oriente Medio frente al resto de gobiernos árabes suníes. En el colmo de la ignorancia, políticos como Wolfowitz pensaban que el nuevo Irak podría en el futuro reconocer al Estado de Israel.

La realidad fue muy diferente. Los nuevos dirigentes iraquíes habían gozado del apoyo de Irán durante la dictadura de Sadam. Ya en el poder, su relación siempre ha sido muy buena con Teherán. Por eso, se dijo que Irán había sido el gran vencedor político de la guerra de Irak. Otros países les libraron del odiado Sadam, que había iniciado la guerra con Irán en 1980, y permitieron que la mayoría demográfica chií se hiciera con el poder en Bagdad.

Desde la retirada de las tropas norteamericanas, la influencia de Washington se ha reducido. Ni siquiera ha conseguido que Irak colabore en el aislamiento de Irán en la campaña de sanciones por su programa nuclear.

Seis meses

El Gobierno presentó su proyecto de presupuestos para este año en octubre de 2012. No se aprobó hasta el 7 de marzo. La razón principal del retraso fue la discusión entre el Gobierno central y el Gobierno kurdo sobre la compensación que debería recibir el Kurdistán por las compañías petrolíferas que operan en el norte del país. Los kurdos pedían 3.500 millones de dólares. Bagdad sólo ofrecía 650 millones.

La capital no era entonces demasiado generosa, pero hay que tener en cuenta que llevan años acusando a los kurdos de firmar acuerdos unilaterales con empresas extranjeras o sencillamente vendiendo por su cuenta parte de la producción de crudo.

Lo mejor que se puede decir de las relaciones entre árabes y kurdos es que no ha desembocado en una guerra civil por la ciudad de Kirkuk. En realidad, este conflicto no tiene solución porque ninguno de los dos grupos renunciará nunca a su control, pero al menos hasta ahora esa paz fría se ha mantenido.

95%

El 95% de los ingresos del Estado iraquí procede del petróleo. La dependencia es absoluta. Los datos del último presupuesto parten de un objetivo de producción de 2,9 millones de barriles a un precio medio de 90 dólares el barril. En numerosas ocasiones, el Gobierno ha prometido que su objetivo es diversificar la fuente de ingresos, como suelen decir muchos estados petroleros, pero sin mucho éxito. El 60% del PIB procede del petróleo.

En octubre y noviembre de 2012, Irak produjo 2,62 millones de barriles de petróleos diarios. No sólo significaba superar ampliamente la producción anterior a la invasión, sino que era la cifra mayor desde los años 80. La mayor parte, justo por encima de los dos millones, procedía de los campos petrolíferos del sur. En enero la producción bajó a 2,35 millones. Irak puede haber alcanzado el máximo de su capacidad productiva, a menos que afronte inversiones que están más allá de las capacidades del Estado.

En cualquier caso, con el precio actual del crudo, eso asegura una inyección constante de fondos. Sólo en enero el Estado ingresó 7.672 millones de dólares gracias al petróleo. 
 
23% de pobreza 

La tasa del 23% de la población viviendo bajo el umbral de la pobreza es otra cifra oficial que conviene revisar al alza, aunque en algunos aspectos no se puede negar la mejora producida en los últimos años. Un estudio de Unicef de 2011 en 2011 a partir de los datos facilitados por 36.000 familias revela algunos de esos avances. La mortalidad de los niños de cinco años o menor edad fue de 37 por cada mil ese año. Con ser alta, era inferior a la cifra de 45 registrada por la OMS un año antes. Ahora casi todas las mujeres tienen a sus bebés en hospitales o clínicas, incluso en el medio rural. El 99% de los niños están registrados por la Administración.

La clave es la vacunación. La mitad de los niños de entre 18 y 29 meses de edad fueron vacunados a tiempo. Pero aunque sobrevivan las condiciones de vida de muchos son terribles. Uno de cada cuatro niños sufre algún problema de crecimiento a causa de la malnutrición. Los casos de malnutrición extrema sólo son el 4%.

Según el Programa Mundial de Alimentos de la ONU, 1,9 millones de iraquíes pasan hambre. Eso es el 5,7% de la población. El porcentaje era del 7,1% cuatro años atrás.

En la escuela primaria, la presencia de las niñas es ya masiva. Hay casi una niña por cada niño. Esa presencia no asegura el éxito escolar. Aunque el 90% de los niños comienzan la educación primaria, sólo la acaban el 40%. En el campo, eso afecta especialmente a las niñas. Obviamente, el país necesita escuelas mejores y el Gobierno no las está facilitando.

Lo que es difícil es recuperar el retraso anterior. El 30% de las mujeres de entre 15 y 25 años son analfabetas.

10% de paro

La tasa oficial de paro es del 10%, un número irreal que nadie se cree. Algunos análisis independientes elevan esa cifra al 35%, pero la cifra real es imposible de conocer. En 2008, el porcentaje de empleados públicos sobre el total de personas con empleo era de un 43%, uno de los mayores del mundo en estados mínimamente desarrollados. El empleo en la Administración es en la práctica una forma de control político y de mantener la lealtad de caudillos locales al servicio del Gobierno.

La incompetencia de la Administración es uno de los factores más evidentes a la hora de explicar por qué el país vive absolutamente del dinero fácil del petróleo. Irak es uno de los peores países del mundo para hacer negocios, según el Banco Mundial. Cada Ministerio es un baluarte de un jefe político cuya función principal es dar empleo a sus partidarios y presentar todo tipo de obstáculos a los que se presentan para pedir permisos. 
 
58% de presupuesto ejecutado

No es raro que al final del año varios ministerios no hayan consumido todo el dinero asignado para inversiones. De hecho, es lo habitual. En 2011, el Ministerio de Sanidad gastó el 58% del presupuesto asignado. El de Educación, el 57%. El de Vivienda, el 70%. El de Industria, el 94%. Los grandes proyectos industriales son fáciles de detectar por su capacidad de crear empleo. El gasto social en educación y sanidad no se ve tan beneficiado por los ingresos procedentes del petróleo porque la Administración no es efectiva ni cuenta con personal cualificado.
 
10.800 millones de dólares

Turquía terminó siendo el vencedor comercial de la guerra de Irak. Las exportaciones turcas a Irak han aumentado de forma constante año a año hasta alcanzar una cifra de 10.800 millones de dólares en 2012. Para Turquía, su vecino se ha convertido en un mercado fundamental. Sólo exporta más a Alemania. Las relaciones entre los dos gobiernos nunca han sido buenas, pero era lógico que las empresas turcas se aprovecharan del aumento de fondos iraquíes por la mayor producción de petróleo. Y no es sólo el comercio. Las compañías de Turquía intervinieron en proyectos de infraestructuras en 2012 por valor de 3.500 millones de dólares.


Fuente original: http://www.eldiario.es/internacional/cifras-anos-Irak_0_112689469.html

domingo, 17 de março de 2013

A IGREJA CATÓLICA EM XEQUE


"Da minha experiência, pedofilia na verdade é uma doença. Não é uma condição criminosa, é uma doença".

Declaração do cardeal sul-africano Wilfrid Fox Napier, arcebispo de Durban, que ajudou a eleger o papa Francisco esta semana, à BBC. Para ele a pedofilia era um "distúrbio" que necessitava de tratamento.

Fonte da Imagem AQUI.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Una guerra invisible diezma a la juventud brasileña


Desde que ocurrió en 1992, la masacre del Carandirú, donde murieron 111 detenidos, ametrallados en lo que era el mayor presidio de Brasil, fue registrada por miles de noticias e imágenes televisivas, además de cinco libros y una taquillera película.

Pero cada día una cantidad similar de personas, la mayoría jóvenes, es asesinada a tiros en este país sin ninguna repercusión. "Perdimos la sensibilidad" para esa "masacre cotidiana", lamentó Julio Jacobo Waiselfisz, autor del "Mapa de la Violencia 2013: muertes matadas por armas de fuego".

El informe, divulgado la noche de este miércoles 6 en esta ciudad, fue realizado para el Centro Brasileño de Estudios Latinoamericanos (Cebela) y la Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (Flacso) y se basa en registros oficiales y totalizó 799.226 muertes por armas de fuego en Brasil entre 1980 y 2010.

De ese total de muertos, 450.255 eran jóvenes de 15 a 29 años, indica el Mapa, cuyo título recoge la expresión coloquial brasileña de ‘muertes matadas’, usada para referirse a los asesinatos.

Es una matanza invisible, que equivale a la suma de víctimas fatales en los conflictos armados de 12 países, incluyendo a Afganistán, Iraq, Sudán y Colombia, en los años críticos de 2004 a 2007, compara el Mapa.

Los homicidios representan en promedio 84 por ciento en las tres décadas registradas, en el informe que también incluye las muertes por accidente, suicidios y otras causas indeterminadas, no naturales.

En 2010, el porcentaje subió 94,6 por ciento, en parte por mejoras en el Sistema de Informaciones de Mortalidad del Ministerio de Salud.

El índice de homicidios por 100.000 habitantes pasó de de 5,1 en 1980 a 19,3 en 2010. La escalada es sobre todo grave entre los jóvenes, un grupo en que la tasa pasó de 9,1 a 42,5. Otro elemento importante es que las balas matan a 2,5 personas negras por cada blanca.

El incremento de esta tasa no fue uniforme. Aumentó hasta 2003, cuando se situó en 20,4 por 100.000 habitantes. Entonces decayó hasta reducirse a 18 en 2007 y volver a subir ligeramente.

"Vivimos un equilibrio inestable" desde 2005, con la caída de la letalidad en los estados más poblados y ricos del sureste, especialmente en el de São Paulo, mientras se produjo un "crecimiento drástico" en el norte y Nordeste del país, observó Waiselfisz a IPS.

En Maceió, capital del nororiental estado de Alagoas, se triplicó el índice de muertes por armas de fuego, alcanzando 94,5 por 100.000 habitantes en 2010, mientras en la metrópoli de São Paulo bajó a 10,4, una cuarta parte menos que una década antes.

Tres grandes factores explican la migración de la violencia criminal, según el autor del Mapa, un sociólogo argentino que vive en Recife, una de las ciudades más violentas del Nordeste brasileño y capital del estado de Pernambuco.

El desarrollo económico, concentrado en las regiones metropolitanas industriales del sureste, se descentralizó a partir de los años 90, creando nuevos polos en otros estados y en el interior del país, atrayendo allí población e inversiones.

A eso se sumó el Plan Nacional de Seguridad Pública, con un fondo que ayudó a mejorar el combate a la criminalidad en grandes metrópolis como São Paulo y Río de Janeiro. Adicionalmente, una mejora en los registros de mortalidad redujo los "cementerios clandestinos" y el subregistro cayó casi a la mitad.

Pese a los avances logrados, la tasa de homicidios por armas de fuego sigue demasiado alta. "Se repite un Carandirú por día", observó Waiselfisz.

Se trata de una llaga compartida con el resto de la región latinoamericana, fruto de una "herencia colonial y esclavista, de desprecio por la vida humana", fundamentada en "la cultura de la violencia, en la que los conflictos se resuelven exterminando al otro" y no mediante la negociación o la justicia, y a una "elevada impunidad", diagnosticó.

Cifras de la Organización de las Naciones Unidas indican que la tasa promedio de homicidios en América Latina fue en 2010 de 26 por cada 100.000 habitantes, el triple que en Europa. El organismo caracteriza de epidémica la violencia de más de ocho homicidios por 100.000 personas.

Estudios en São Paulo estimaron que solo cuatro por ciento de los homicidas son encarcelados, con "pérdidas" sucesivas en la cadena de denuncias, averiguaciones policiales, procesos y condenas judiciales. Eso estimula la criminalidad y la cantidad excesiva de delitos aumenta la impunidad en un "círculo vicioso", evaluó el sociólogo.

Waiselfisz puso como ejemplo el del brutal incremento de asesinatos en el estado de Alagoas, de 248 por ciento durante la década pasada, debido al arribo allí de otra lacra criminal latinoamericana: las mafias del narcotráfico, expulsadas de otras zonas, y a la debilidad de la policía local, que protagonizó huelgas de más de siete meses.

Jorge Werthein, presidente de Cibela, subrayó a IPS una contradicción que merece una gran reflexión: la persistencia de la mortandad, e incluso su ligero incremento, en los últimos 10 años, cuando crecieron la economía, la inclusión social y la generación de empleos, con fuerte reducción de la pobreza y la desigualdad.

La sociedad brasileña tiene que reconocer su realidad, en la que "predomina la violencia en niveles inaceptables", y buscar respuestas "que no sean solo represivas", opinó.

El período de reducción de los homicidios en Brasil fue fruto de la campaña contra la posesión y uso de armas de fuego durante el final del siglo pasado y el comienzo del actual, parcialmente por un referendo que, en 2005, no aprobó la prohibición en el país del comercio de armas y municiones.

En Brasil y en los demás países latinoamericanos el control de la venta de armas es necesario para reducir los asesinatos, además de acciones en áreas como la de la persistencia de la cultura de la violencia, sostuvo Werthein.

El Mapa de la violencia sobre la criminalidad letal en Brasil pretende principalmente "traer a la luz pública" las muertes cotidianas que permanecen "invisibles" para la sociedad y cuya reducción exige "políticas nacionales" y no solo las tradicionales intervenciones puntuales, allí donde hay brotes de violencia criminal, concluyó Waiselfisz.(FIN/2013)

Mario Osava para IPS.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Brazilian Adventure

A German Utility's Multibillion Risks Abroad

By Frank Dohmen

Looking for new growth markets, executives at German electrical utility company E.on saw what they thought could be a golden opportunity in Brazil. Now their local partner is threatened with major financial problems and the joint venture MPX may face billions in potential losses.

Johannes Teyssen had high hopes for the business in Brazil. He sought to breathe a little life into the stolid German electric utility E.on with the investment, and to show board members and critics alike that there are growth markets outside Germany worth investing in.

Teyssen's potential partner seemed a perfect fit: Eike Batista, a Brazilian of German origin, a multibillionaire, successful businessman and, unlike E.on executives, intimately familiar with the country, people and often-volatile politics of Brazil.

Teyssen, 53, didn't hesitate long before buying a 10-percent share of the Brazilian energy company MPX from Batista last year, for about €350 million ($455 million). Teyssen raved about what he called a milestone. Brazil, he said, was a growing and energy-hungry country, and MPX was very well positioned to satisfy this demand. The E.on CEO sounded almost overconfident when he said that his company looked forward to many "exciting things" with its new joint-venture partner.

Teyssen discovered just how exciting it is about four weeks ago, when Batista surprised the company with the news that he and his group of companies were in financial trouble. For Teyssen, this seemed inconceivable. Only last year, Forbes had listed the man in 8th place in its list of billionaires. At the time, the magazine estimated his net worth at $27 billion. "There was no indication that the man could run into difficulties," says an advisor to E.on CEO Teyssen.

A Precarious Situation

But that was exactly what happened. The value of Batista's Brazilian holding company EBX, which includes various natural resource, logistics and energy companies, plunged from $25 billion to $10 billion within a few months. It also owes hundreds of millions in back taxes. Bad speculation is apparently the cause of EBX's woes. To keep his empire afloat, Batista now plans to sell off portions of his holding company, including shares in its electricity subsidiary MPX, in which E.on now holds a 10-percent stake.

It's a precarious situation for the Düsseldorf-based utility, because it leaves Teyssen and his management with two options. First, E.on could pull out of Brazil and try to sell its MPX shares with as small a loss as possible. This would put an end to the appealing narrative of rapid growth in an emerging company, and beleaguered Teyssen would suffer yet another defeat.

The alternative would be for E.on to buy more shares in the company from Batista -- so many that no other company would be able to gain control over Brazilian electric utility MPX. But this option also has its downsides. It would require E.on's Düsseldorf-based managers, with their German corporate culture, to assume significantly more operational responsibility in Brazil. It would force them to build power plants, plan electricity grids and sell products in a country with whose customs they are unfamiliar.

Teyssen's critics say this is hard to imagine in a company that failed to predict Chancellor Angela Merkel's decision to phase out nuclear energy after Fukushima. E.on executives seemed caught off guard by the development, which would ultimately strip away a core area of the company's business, despite the fact that the previous government had already approved such legislation, only to see it overturned and then essentially reinstated by Merkel.

Cash Strapped

In addition, an investment of this magnitude, depending on how many shares were purchased, would cost between €500 million and 2.5 billion -- money E.on doesn't have.

The company is burdened by almost €36 billion in debt. Worse yet, close to two years after the forced shutdown of eight nuclear power plants, Teyssen still lacks a convincing plan for getting E.on back on track to profitability and its old size.

As a result of the unconstrained boom in renewable forms of energy, like solar, wind and hydroelectric power, many E.on power plants are either out of commission or only connected to the grid for days at a time. Selling power, once the preserve of the major suppliers, is hardly profitable anymore, now that electricity prices have dropped to historical lows. Even the natural gas market, once a guarantee of billions in profits, has declined considerably because of the lack of demand from large gas-fired power plants.

The development also affects E.on competitors in Germany, like RWE and EnBW. But while they try to develop new strategies for the domestic business and, like RWE, position themselves as a chain of municipal utilities, Teyssen is increasingly withdrawing.

In only two years, Teyssen has sold off portions of the business worth more than €17 billion. This includes choice items like power and natural gas grids, holdings in companies like Russia's Gazprom and regional companies with thousands of customer contacts, like E.on Thuringia, which were once part of E.on's core business.

Growth in Difficult Markets

To economize even further, the E.on executive board cut more than 11,000 jobs. But instead of using the money to develop new business units or strengthen existing ones, Teyssen is paying off debts with the billions in savings. He intends to grow abroad, primarily in such difficult markets as Russia, Turkey and Brazil, where he sees enormous opportunities. Company officials say that his positive assumptions have even been exceeded to date.

Negative examples, like steelmaker ThyssenKrupp, which sunk more than €5 billion in the construction of a steel mill in a Brazilian mangrove swamp, partly because its managers had completely underestimated the country's idiosyncrasies and difficulties, have left Teyssen undeterred.

He seems determined not to give up the investment in Brazil. In fact, he has been trying for weeks to convince other European utility companies and Brazilian investors to become partners in the venture. For E.on, the ideal scenario would involve Batista keeping a stake in the company, so that several parties could share the risks and opportunities.

At the same time, Teyssen's financial experts are also calculating how E.on could pay for its future structure alone. One option would be to sell off additional regional companies. E.on officials say that the divestitures could amount to up to €20 billion.

Spinoffs of parts of the company with subsequent IPOs are also being discussed. For instance, there have been plans for weeks to transform E.on's renewable energy division, with its worldwide wind farms, biogas plants and solar farms, into an independent company. It could then be spun off and later be taken public. An outside management consulting firm developed the plan. This sort of a spinoff could raise several billion. E.on says that the plans not currently under consideration, nor were they commissioned by its management.

Board Grows Impatient

Nothing has been decided yet, and all possible decisions still require supervisory board approval. This is unlikely to be a sure-fire success.

For a long time, E.on's supervisory board supported Teyssen's approach, and it was unwilling to blame him for the consequences of Merkel's precipitous nuclear phaseout and shift to green energy. But now many board members are gradually becoming impatient. Teyssen's management seems too unconventional and his prognoses too optimistic to board members, especially when it comes to his pet projects abroad. "Now we tend to check things twice," says a labor representative.

About two weeks ago, Werner Wenning, the former CEO of Bayer and current chairman of the RWE supervisory board, lured away Leonhard Birnbaum, a former McKinsey consultant and member of the RWE executive board for many years. Birnbaum will be in charge of strategy and major projects on the E.on executive board, and will also keep a critical eye on Teyssen's decisions, which he has made alone until now.

This coup could be arriving too late for the adventure in South America. Birnbaum won't be able to start his new job until after the summer vacation period. But the decision over Batista's electricity subsidiary, MPX, can't wait until then.

Translated from the German by Christopher Sultan

Spiegel

Fonte da imagem AQUI.

quinta-feira, 7 de março de 2013

A MULHER VISTA PELA PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE


"Só uma mulher sabe o drama que é estragar a unha após sair da manicure".
"Só uma mulher sabe o que é perder a chave dentro da própria bolsa".

Frases de campanha publicitária da Prefeitura Municipal de Porto Alegre para marcar o Dia Internacional da Mulher 2013.

Enquanto todos os dias milhares de mulheres são agredidas, assediadas sexualmente, além de receberem salários menores que os homens, etc, a Prefeitura de Porto Alegre opta claramente pela futilidade de certos aspectos específicos do universo feminino. Será essa a marca que quer deixar a atual gestão?

Fonte da imagem AQUI.


quarta-feira, 6 de março de 2013

O esgotamento da monarquia papal



"Conceder novamente todo o seu lugar à colegialidade, tão sonhada pelo Vaticano II, seja talvez, hoje, a única maneira de reconstruir a unidade da Igreja romana e de refundar a primazia do bispo de Roma como garante da comunhão das igrejas locais. Requer, como pré-requisito, que o Papa deixe de ser o único bispo na Igreja”, escreve Danièle Hervieu-Léger.*

A maioria dos analistas trata a renúncia de Bento XVI como de uma “guinada histórica” para a Igreja romana. Segundo o ponto de vista tomado, destaca-se a “dessacralização” da função papal que levou à decisão muito humana que consiste, para um Papa, em renunciar. Ou, ao contrário, acentua-se a sabedoria de um Pontífice suficientemente humilde e responsável para reconhecer que não tem mais as energias necessárias para arcar com os compromissos relativos ao cargo. Para além dessas avaliações contraditórias, não há nenhuma dúvida de que a inesperada decisão de Bento XVI colocou à Igreja Católica, sem escapatória possível, a questão da sua governabilidade.

Atualmente, a pergunta surge em plena luz do dia, mas seria redutor limitar o escopo da questão exclusivamente à decisão de um papa idoso, cansado e oprimido pelas perturbações que marcaram seu reinado. Origina-se, de fato, a partir do momento em que a Igreja, rompendo com o fechamento intransigente para o qual a levou sua rejeição definitiva do novo mundo da Revolução Francesa, escolheu entrar em diálogo com um mundo para o qual ela queria dirigir uma mensagem de sentido. Este ponto de viragem, operado no Concílio Vaticano II, não significava a aceitação dos ideais da modernidade. Mas implicava uma consideração positiva das aspirações e expectativas de uma sociedade que a instituição romana sabia não mais ser capaz de reunir sob sua tutela espiritual direta.

O sonho intransigente da reconquista católica do mundo, liderado por uma Igreja pensada como um exército reunido atrás de seu chefe, governou, durante um século, a visão que a instituição romana tinha de si mesma. Substituindo este sonho ideal de um testemunho evangélico fixado por uma Igreja definida como “Povo de Deus”, o Concílio reabilitou, ao mesmo tempo, as fontes colegial e sinodal da autoridade na Igreja. Neste novo modelo de eclesialidade, cada Igreja local, cada comunidade, foi chamada a encontrar os meios para este testemunho nas condições concretas da sua inserção social, sob a responsabilidade de seu bispo, no seio de uma comunhão da que o bispo de Roma foi e deve continuar a ser o garante.

A furiosa polarização que jogou um contra o outro o campo daqueles que se comprometem com entusiasmo neste novo caminho e o daqueles que queriam impor o modelo hierárquico e exclusivamente pessoal do poder suposto conforme a “Igreja eterna”, matou em germe a colocação em prática a intuição central do Concílio relativa à gestão da autoridade. Paulo VI – que condenou com o mesmo rigor a deriva integrista e as experiências das comunidades de base inspiradas na Teologia da Libertação – usou seu pontificado para tentar evitar a desagregação da instituição, sem chegar a dar ao modelo conciliar a base organizacional que poderia ter dado corpo ao ideal renovado de uma comunhão eclesial compatível com o reconhecimento do pluralismo da instituição.

A inércia das estruturas romanas foi, provavelmente, tão pesada quanto o foram as pusilanimidades teológicas no desajustamento crescente entre o aparelho eclesial, as expectativas diversas e contraditórias das comunidades e a realidade de um mundo arrastado, em grande velocidade, pela espiral de mudanças que, em todas as frentes, questiona a Igreja, seu discurso, suas normas, sua organização e suas práticas da autoridade.

A figura de um papa monarca governante e no topo de um corpo eclesial supostamente homogêneo foi arrastada por este mesmo movimento. Tornou-se impossível, desde a cúpula romana, manter todos os filhos de uma Igreja confrontada ao mesmo tempo com o secularismo crescente no mundo ocidental, com a crescente disparidade de situações das igrejas nacionais e com o choque da concorrência religiosa em escala global. Tornou-se cada vez menos plausível compensar, com uma centralização ideológica e disciplinar reforçada, a disseminação de comunidades livres da armadura de uma civilização paroquial definitivamente moribunda.

As redistribuições da divisão do trabalho religioso, motivadas pela diminuição do corpo clerical e pela autonomização dos indivíduos crentes levados a fazer prevalecer sua preocupação com a autenticidade pessoal sobre as exigências institucionais da conformidade, fizeram o resto. A morte do Papa João Paulo I, esmagado pela carga após algumas semanas de pontificado, pode ser lida, deste ponto de vista, como uma espécie de parábola. “A Igreja, escreveu Michel de Certeau, era um corpo, mas tornou-se um corpus”.

Os dois últimos papas, cada um à sua maneira, empenharam-se em afastar o risco das desfiliações que mina o corpo eclesial. Mas eles o fizeram, um e outro, trabalhando em prol da legitimação da centralidade papal, fora da qual nenhum dos dois era capaz de pensar a unidade da Igreja.

João Paulo II, dotado de uma personalidade flamejante e de uma história pessoal fora do comum, exerceu sem freios o lado carismático da sua função. Ele fortaleceu, através de viagens e grandes concentrações, uma Igreja reunida pela adesão emocional dos fiéis à pessoa de um guia capaz de converter a marginalização cultural do discurso católico em audácia profética.

Dos apelos para abandonar qualquer medo, que marcaram o início de sua pregação, até o testemunho mudo do abandono no final da sua vida, o Papa polonês apoiou a mobilização emocional de uma Igreja atormentada pela dúvida, ao mesmo tempo que pavimentava, no campo doutrinal e disciplinar, as bases das certezas que ele se encarregou de defender contra a crescente onda de “relativismo” considerado deletério.

O endosso do sentimento de pertença trouxe, indiscutivelmente, frutos para as fileiras dos fiéis católicos trabalhados pelas incertezas do tempo. Ele não conquistou ou reconquistou para a Igreja aqueles que já se encontravam aí. E ela, silenciosamente, afastou todos aqueles que aspiravam a fazer valer, no interior mesmo desse mundo de incertezas, não a última palavra de uma resposta católica, mas a fragilidade de um questionamento cristão.

Com o risco de uma comparação pouco favorável para ele, com a força do arrebatamento e do brio midiático de seu predecessor, Bento XVI consagrou seus esforços, não sem grandeza, à reabilitação racional do discurso cristão na cultura contemporânea. Falou-se muito sobre o seu investimento teológico como de um indicador de sua dificuldade de endossar a função papal. Podemos pensar, ao contrário, que ele não procurou menos que João Paulo II reforçá-la. Mas ele o faz no terreno que era o seu: o do ensino. Um terreno que, in fine, o deixou sozinho.

A lógica comum às duas trajetórias esclarece o fim diferente que cada um conheceu. Ir até o final das suas forças foi, para o papa carismático emudecido, uma maneira de se referir à desproporção humana da tarefa que lhe foi atribuída. Optar por renunciar é, para o papa-doutor, a expressão racional da constatação de um fracasso. Diante dos desafios do pluralismo interno e externo que desqualifica o sistema centralizado e monárquico do poder romano, nenhuma ajuda vinda do alto pode reconstruir a Igreja como um corpo.

Conceder novamente todo o seu lugar à colegialidade, tão sonhada pelo Vaticano II, seja talvez, hoje, a única maneira de reconstruir a unidade da Igreja romana e de refundar a primazia do bispo de Roma como garante da comunhão das igrejas locais. Requer, como pré-requisito, que o Papa deixe de ser o único bispo na Igreja.

Danièle Hervieu-Léger, Le Monde, 28-02-2013.

*Danièle Hervieu-Léger é socióloga, Diretora de estudos da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS), dirigiu, de 1993 a 2004, o Centro de Estudos Interdisciplinares dos Fatos Religiosos (CNRS/EHESS). Presidiu o EHESS de 2004 a 2009. É autora de vasta obra.