domingo, 15 de novembro de 2009

Lula e Sarkozy pedem avanços contra aquecimento global


PARIS (Reuters) - Os líderes da França e do Brasil juntaram forças neste sábado para pressionar os Estados Unidos e a China a fazerem concessões significativas no encontro sobre mudanças climáticas no mês que vem em Copenhague.

Em documento conjunto, os presidentes Nicolas Sarkozy e Luiz Inácio Lula da Silva pediram que até 2050 os países industrializados reduzam as emissões de gases causadores do efeito estufa em pelo menos 80 por cento ante os níveis da década de 1990.

Eles pediram que os países emergentes procurem formas de crescimento com baixa emissão de carbono, com ajuda financeira dos países ricos, e que tomem medidas para reduzir o ritmo no qual crescem as emissões até 2050.

Dizendo que o documento assinado com Sarkozy é "mais que uma declaração de intenções, é uma bíblia climática", Lula disse a jornalistas que os Estados Unidos e a China precisam mostrar mais coragem em aceitar compromissos em Copenhague.

"Não tenho dúvidas de que nossos amigos norte-americanos e chineses aceitarão suas responsabilidades", afirmou Sarkozy em entrevista coletiva conjunta.

Logo antes do encontro em Paris, o Brasil comprometeu-se a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa entre 36,1 e 38,9 por cento, principalmente através do controle do desmatamento da região amazônica.

Os dois presidentes tentarão angariar mais apoio para a iniciativa antes do encontro de Copenhague.

RESPONSABILIDADES

O presidente dos EUA, Barack Obama, e o líder chinês Hu Jintao, cujos países são os maiores emissores de gases causadores do efeito estufa, devem encontrar-se na semana que vem para buscar um ponto comum na questão das mudanças climáticas.

Mas, à medida que se aproxima o prazo final para o encontro sobre mudanças climáticas em Copenhague, Sarkozy e Lula disseram que os líderes da China e dos EUA não podem fazer as decisões entre eles a portas fechadas.

"Não podemos permitir que os presidentes Obama e Hu Jintao celebrem um acordo que só leva em conta as realidades econômicas de seus dois países", destacou Lula.

Ele disse também que ligaria para Obama para discutir a iniciativa franco-brasileira como parte de uma ofensiva diplomática na qual ele e Sarkozy tentarão angariar apoio antes da conferência em Copenhague, que acontece do dia 7 ao dia 18 de dezembro.

Já Sarkozy disse que não aceitaria um acordo "mínimo" em Copenhague e que insistiria em conseguir compromissos firmes dos maiores emissores de gases causadores do efeito estufa do mundo.

"Vocês conhecem a amizade que a França tem com os Estados Unidos e a confiança que tenho no presidente Obama, mas a economia que mais emite carbono no mundo tem de enfrentar suas responsabilidades", disse ele.

Aproximadamente 190 países vão encontrar-se em Copenhague, mas as negociações até agora avançaram pouco por causa de desavenças entre países ricos e pobres. Por isso, diminuíram as esperanças de que uma plataforma com valor legal seja criada para evitar os níveis perigosos de aquecimento global dos quais cientistas dizem que podem causar o aumento do nível do mar, mais secas, ondas de calor e enchentes.

Sarkozy, que discutirá a iniciativa com a chanceler alemã, Angela Merkel, na quinta-feira, disse que espera viajar ao Brasil e à África para promover suas ideias sobre o assunto.

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