segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Temporão baixa o tom na briga dos alimentos


Autor(es): Demétrio Weber
O Globo - 23/07/2008

Ministro diz que indústria precisa de prazo para eliminar gordura trans; empresário diz que falta tecnologia

Após anunciar a intenção de restringir a propaganda de alimentos industrializados com altos teores de açúcar, sal e gordura, o Ministério da Saúde baixou o tom ontem em encontro com empresários do setor alimentício. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse que "não é factível" eliminar a gordura trans de uma hora para a outra, e citou o exemplo do Canadá, onde foi negociado o prazo de 3 anos para o corte de substâncias nocivas à saúde.

- Em nenhum país do mundo se fez essa transição do dia para a noite. Isso não é nem factível do ponto de vista da produção. É muito fácil falar academicamente - disse Temporão.

Ontem, o ministro formalizou a criação de um grupo técnico para estabelecer metas de redução de ingredientes dos alimentos, e um cronograma para isso. O ministério alega que a criação do grupo estava prevista desde novembro. Não seria, portanto, um recuo após o anúncio da intenção de restringir os horários de exibição de publicidade de alimentos industrializados.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) analisa 23 tipos de alimentos, como salsichas, requeijão e macarrão instantâneo, para descobrir os índices de sódio, gordura e açúcar nos produtos. Os resultados da pesquisa serão apresentados à indústria.

- Queremos que os alimentos oferecidos à população não coloquem em risco a saúde de ninguém - disse o ministro.

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), Edmundo Klotz, afirmou que o setor está disposto a substituir a gordura trans e reduzir açúcar e sal. Mas esbarra na falta de tecnologia e matéria-prima, isto é, outras fontes de gordura que não a soja. Fazer qualquer mudança abrupta, enfatizou ele, seria "total irresponsabilidade":

- Exportamos US$26 bilhões em produtos transformados. Geramos 60% do superávit da balança comercial do país. Em 5 mil anos, foram usados sal e açúcar e a população só aumentou. Então, não é uma praga.

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