segunda-feira, 28 de abril de 2008

FT: Brasil é 'solução óbvia' para crise de alimentos


O Brasil é uma "solução óbvia" para o problema da alta do preço dos alimentos que ameaça o mundo, avalia o Financial Times. Conforme o jornal inglês, no entanto, o potencial do País nessa área tem sido largamente ignorado. "O mundo desenvolvido parece propositadamente míope em relação às oportunidades que o Brasil apresenta."

O FT afirma que o País tem grandes reservas de terras cultiváveis desocupadas, a maioria delas hoje servindo como pasto, e que podem facilmente se transformar em áreas de produção de grãos e outros alimentos. "O problema é que a maior parte da produção agrícola brasileira continua enfrentando tarifas proibitivas e outras barreiras colocadas pelos mercados desenvolvidos na Europa e nos Estados Unidos."

Segundo o jornal, se a produtividade da pecuária for elevada de 0,8 gado por hectare para 1,2, cerca de 80 milhões de hectares de terras seriam liberados para o plantio de alimentos. "Mas isso irritaria os fazendeiros americanos e europeus."

Em entrevista ao jornal, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que a resposta correta à crise dos alimentos, além de dar prioridade ao combate à fome, é atacar a raiz do problema: os subsídios dos países ricos, que enfraquecem a produção das nações em desenvolvimento. "A fome mundial não é resultado de falta de oferta, mas principalmente do baixo nível de renda dos países pobres", afirmou o ministro.

O FT avalia que o Brasil possui sua parcela de culpa nessa discussão, pois tem feito pouco para combater a "histeria contra a suposta ameaça do etanol à floresta amazônica", por exemplo. "Uma ameaça que, se existe, está mais relacionada à ilegalidade na região da Amazônia do que aos imperativos econômicos da produção de etanol."

PARA LER DIRETO DA NOTÍCIA ORIGINAL CLIQUE NO TÍTULO DESTA POSTAGEM.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

La ONU califica de "asesinato en masa" la subida de los alimentos


EL PAÍS:

El aumento global del precio de los alimentos está llevando a un "silencioso asesinato en masa" en los países más pobres del mundo, según aseguró ayer Jean Ziegler, enviado de Naciones Unidas para asuntos alimenticios. Ziegler responsabilizó a Occidente de la situación en declaraciones al diario austríaco Kurier am Sonntag. La expansión de los biocombustibles, la especulación en los mercados de materias primas y los subsidios de las explotaciones en la Unión Europea y Estados Unidos convierten a los países occidentales en responsables de la hambruna que afecta a los países pobres.

El enviado de la ONU señaló que las organizaciones multilaterales deben poner de manifiesto la "locura" de la gente que cree que el hambre no es cosa del destino. "El hambre no ha sido cosa del destino desde hace mucho tiempo. Más bien hay un asesinato detrás de cada víctima. Es un silencioso asesinato en masa", dijo antes de culpar a la globalización de la "monopolización de los ricos en la Tierra" y de responsabilizar a las multinacionales de una especie de "violencia estructural". "Tenemos una multitud de empresarios, especuladores y bandidos financieros que han convertido en salvaje un mundo de desigualdad y horror", señaló, informa Reuters.

La ONU ha puesto la crisis alimentaria en su punto de mira. El secretario general de Naciones Unidas, Ban Ki Moon, advirtió ayer de que si no se gestiona adecuadamente, el encarecimiento de los productos básicos podría provocar importantes perjuicios al crecimiento económico mundial e incluso a la seguridad. "Nos arriesgamos a volver a la casilla uno", afirmó Ban en Accra (Ghana) durante la inauguración de la Conferencia de las Naciones Unidas sobre Comercio y Desarrollo.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

“A Argentina é um laboratório a céu aberto”


CARTA MAIOR:

Segundo Marie-Monique Robin, depois do “paro” agrário argentino, promovido fundamentalmente pelos grandes produtores de soja do país, o latifúndio sojeiro deveria ser a principal questão de debate para a sociedade. A Argentina está ameaçada pela soja, disse a jornalista e documentarista à Carta Maior.

Clarissa Pont

RESISTÊNCIA, Argentina – Marie-Monique esteve esta semana na cidade argentina de Corrientes para apresentar o documentário de 2004, "Os esquadrões da morte - a escola francesa" e participar dos processos contra militares locais que atuaram durante a ditadura militar. No entanto, em Resistência, a jornalista francesa falou sobre o “paro” agrário, a produção de soja transgênica em países da América Latina e sobre seu novo documentário, fruto de três anos de investigação, “Le monde selon Monsanto” (O Mundo segundo a Monsanto). O documentário e o livro homônimo contam o avanço do plantio de soja pelo mundo e as perigosas ligações da indústria com governos, cientistas e jornalistas.

O Rio Paraná divide as duas capitais de províncias argentinas, de um lado está Corrientes e do outro, Resistência, no Chaco. Marie-Monique percorreu os poucos minutos que separam as cidades para apresentar trechos de ambos documentários no Museu de Imprensa de Resistência. Na ocasião, falou à Carta Maior. “A soja transgênica chegou ao país por uma debilidade, para não dizer outra palavra, do Governo Menem. A Monsanto entrou no país sem nenhuma lei que regulamentasse o plantio, sem estudos, sem nada. No Paraguai, é a mesma situação”, explica.

Hoje, mais da metade da área agricultável da Argentina está coberta pelas sementes transgênicas da Monsanto, regularmente pulverizadas desde aviões por Roundup. “Muitos campesinos estão deixando o campo porque seus cultivos são fumigados, as frutas que comemos aqui estão contaminadas pelo veneno da Monsanto. É terrível, e o governo ainda não entendeu o risco”. Marie-Monique contou que entrevistou o presidente da Federação Agrária em 2006 para a realização do documentário.

“É lamentável o que os grandes produtores estão fazendo aqui. A eles não interessa o futuro da terra. O fato de Eduardo Buzzi ter apoiado o paro assusta um pouco, porque quando eu o entrevistei ele estava preocupado com a situação do país”. Os últimos dados que constam nas documentações de Marie-Monique confirmam que a produção de arroz e de legumes baixou de modo significativo nas terras argentinas.

“Le monde selon Monsanto”, lançado junto a um livro de mesmo nome, ainda não tem previsão de chegar ao Brasil. Segundo a autora, uma editora nacional estaria começando a traduzir a publicação apenas. “Através das patentes da Monsanto, o que se pretende é tomar as sementes do mundo. Por desgraça, a Argentina é, nesse momento, um laboratório a céu aberto”. O documentário ainda cataloga ações da Monsanto para divulgar estudos científicos duvidosos que apóiam suas pesquisas e produtos. Segundo dados da jornalista, em 2007, havia mais de 100 milhões de hectares plantados com sementes geneticamente modificadas, metade nos EUA e o restante em países emergentes como a Argentina, a China e o Brasil.

O documentário anterior de Marie-Monique mostra entrevistas realizadas por ela onde militares argentinos reconhecem ter aplicado técnicas de tortura e de desaparecimento importadas da França durante a Ditadura no país. Com entrevistas, imagens de arquivo e documentos, “Os esquadrões da morte” relata como os franceses ensinaram aos militares da América Latina métodos de tortura desenvolvidos na Argélia e na Indochina. Os depoimentos dos generais argentinos Ramón Díaz Bessone, Reynaldo Bignone e Albano Harguindeguy são impactantes e têm ajudado na incriminação de diversos algozes da Ditadura Argentina.

Quando perguntada como conseguiu que os generais lhe concedessem tais entrevistas, Marie-Monique não deixa sombra de dúvida. “Eu enganei esses senhores”, responde. O documentário é resultado de dois anos de trabalho.

'A internets e o YouTube, meu Deus, temos q detê-los', Tim Robbins


BLUE BUS:

O ator, diretor, roteirista e produtor Tim Robbins, conhecido pelas posiçoes politicas de esquerda e por condenar a invasao do Iraque, fez um discurso polêmico no National Association of Broadcasters Show, em Las Vegas, no inicio da semana. Irônico, poupou a plateia dos palavroes, criticou o mercado de comunicaçao pela consolidaçao em grandes grupos e a consequente perda da variedade de opinioes. Cobrou das emissoras de TV e radio o trabalho jornalistico serio e menos atençao a escândalos e celebridades. Referiu a internet como 'internets', imitando a gafe do presidente Bush, e ironizou o medo que a midia tradicional têm das novas tecnologias. Robbins publicou o audio e a transcriçao do discurso no Huffington Post - ouça e leia aqui. Abaixo 2 trechos de sua fala. Obrigado pela dica ao Marcio Malmegrin. 18/04 Julio Hungria

"Nao ocorreram atos criminosos nesse Governo? Nao deveria haver uma prestaçao de contas para decisoes politicas ineptas? Nao há alguem que deveria ser demitido? Sabem de uma coisa? Eu nao ouvi nada disso, porque eu ainda estou pensando naquela celebridade que saiu do carro sem calcinha".

"Justamente quando estavamos perto de um jornalismo que oferecia um consenso sobre o que é verdade, chega a 'internets' que permite ao usuario escolher o tipo de noticia que quer ver. E o YouTube! Meu Deus, temos que dete-los ;- )".

O novo Brasil vai obrigar a revermos nossos conceitos

Blue Bus:

Passar quase 2 horas escutando o antropólogo Roberto DaMatta analisar a sociedade brasileira, como diz aquela propaganda de cartao de crédito, nao tem preço. Isso aconteceu comigo na 4a feira, quando aceitei o convite da MPM para participar da abertura do seu ciclo de palestras. Novo mesmo para mim foi ver o professor ao vivo. As idéias que ele foi apresentando naturalmente, como se estivesse numa sala de aula, sao conhecidas de quem acompanha seu trabalho. No auditório da agência, DaMatta propôs mais uma comparaçao entre o Brasil e os EUA, desta vez usando músicas - ele contrapôs a versao de 'Aquarela do Brasil', gravada por Sílvio Caldas em 1942 com 'The house I live In', que Sinatra gravou em 1945, para mostrar que os americanos definem seu país como a casa onde eles moram, enquanto nós exaltamos o Brasil como um paraíso criado por Deus, caracterizado por uma natureza perfeita habitada por uma sociedade imperfeita. 18/04 Luiz Alberto Marinho

Essa sociedade imperfeita e hierarquizada, segundo DaMatta, é fruto da trajetória do país, colonizado pela realeza e marcado historicamente pela relaçao de poder entre a elite e a patuléia. Porém, nao nos damos conta dos absurdos que cometemos cotidianamente por conta dessa herança cultural, tais como nos comportarmos em grupo no restaurante como se estivéssemos na nossa casa ou bloquearmos com nossos carrinhos de bagagem a porta do desembarque do aeroporto, obrigando os outros a esperar enquanto abraçamos nossos saudosos amigos e parentes. "Os incomodados que se mudem", pensamos nós. Também faz parte da nossa natureza acreditar que é o Governo que deve mudar a sociedade e nao o contrário. Por isso, esperamos que o poder público resolva todos os nossos problemas ao mesmo tempo em que imputamos a culpa pela epidemia de dengue ao mosquito, o que implicitamente significa isentar o Estado ineficiente. 18/04 Luiz Alberto Marinho

Para nao dizer que nao falou de propaganda, DaMatta mencionou um comercial estrangeiro de automóvel, onde um carro equipado com detector de obstáculos ultrapassa outro na estrada, para explicar a relaçao que existe hoje entre velocidade e superioridade - para nós, ultrapassar os outros, furar uma fila ou fazer alguém esperar é exercer o poder. Por este raciocínio, consideramos normal aguardar horas por uma pessoa mais importante, mas nao estamos dispostos a perder 1 minuto sequer para encontrar um subalterno. 18/04 Luiz Alberto Marinho

DaMatta encerrou dizendo que a medida que as desigualdades vao se reduzindo, como de fato acontece hoje no Brasil, nossa sociedade se defrontará com o desafio de rever seus conceitos, aceitar a diversidade e combater a noçao de hierarquia que orienta a relaçao entre as pessoas. O mesmo se aplica a publicidade, que é espelho dessa sociedade. Todas do Marinho no Blue Bus, escolha uma aqui. 18/04 Luiz Alberto Marinho

O Marinho escreve no Blue Bus as 2as, 4as e 6as.

terça-feira, 15 de abril de 2008

ONU diz que práticas agrícolas precisam mudar

DESENHO DE JOSÉ PÁDUA

BBC:

Um relatório encomendado por uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado nesta terça-feira afirma que é preciso mudar as regras e práticas agrícolas atuais para combater a alta do preço dos alimentos.

"Negócios como antigamente não são mais uma opção", diz o relatório. "O aumento do custo de produção dos alimentos pode colocar milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza."

O estudo, publicado pela Unesco em Paris, pede mais ênfase para a proteção de recursos naturais.

O documento defende o uso de técnicas de agricultura mais naturais e ecológicas, inclusive com a redução da distância entre a produção e os consumidores.

Proibição a transgênicos

Para a América Latina e o Caribe, o relatório se centrou no combate à pobreza e na questão dos transgênicos.

O documento afirma que o aumento da produção agrícola na região não gerou redução na pobreza, que ainda afeta 37% dos latino-americanos e caribenhos.

Em vez disso, diz o estudo, "a importação de alimentos criou dependência e trouxe prejuízos à produção local".

Os autores recomendam que os governos proíbam o consumo e o plantio de colheitas transgênicas - como algodão, soja, milho e canola - para evitar a contaminação e preservar a diversidade genética.

"A critério de cada país, o marco regulatório pode incluir a possibilidade de impedir o uso (de transgênicos) nos centros de origem e diversidade genética", diz o documento.

"Em regiões ou países que optem por produzir transgênicos, a regulação deveria se basear no princípio da precaução e no direito dos consumidores de ter uma escolha informada, por exemplo, por meio de etiquetas", acrescenta o relatório.

"As conseqüências das tecnologias emergentes sobre as metas de sustentabilidade ainda são muito debatidas", avaliam os autores.

"A possibilidade de contaminação genética de algumas espécies está demonstrada e deve ser parte indispensável das políticas de biossegurança, que, ao mesmo tempo, devem evitar a contaminação de outros sistemas produtivos livres de transgênicos."

Custos

O texto é resultado de três anos de trabalho conjunto de cientistas e outros especialistas, além de governos de países desenvolvidos e em desenvolvimento.

O relatório da Unesco conclui que o progresso na agricultura trouxe benefícios muito desiguais, com altos custos sociais e ambientais.

A Unesco cita também a "influência considerável" de grandes corporações transnacionais na América do Norte e na Europa.

O texto diz que é preciso agir para conter a crise, que deve continuar se agravando com o aumento da demanda por alimentos em países como China e Índia e com o uso de milho e soja para produção de combustíveis.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Um triste espetáculo em 10 atos


ECOAGÊNCIA:

Durante a reunião do Consema/RS que aprovou o Zoneamento Ambiental da Silvicultura, viu-se uma disputa barulhenta e pouco digna, como nas audiências públicas.

Por Ana Terra de Oliveira*

Ato 1: O local é o mesmo da sexta-feira, 04/04, a
Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e (com algumas variações)
os personagens também. Pouco depois das 14h, entra no auditório do 11º
andar o procurador Otaviano Brenner de Moraes, agora no cargo máximo
da Sema. O ambiente está um pouco tenso, há ansiedade no ar,
ambientalistas com faixas e integrantes da Força Verde (nome fantasia
da velha Força Sindical) se dividem contra e a favor ao zoneamento
como está sendo apresentado para votação. Casualmente ou não, de
camiseta verde (é claro) e botons, os sindicalistas ao lado de
prefeitos, ex-prefeitos e vereadores do interior e alguns deputados
(dois no caso) se acomodam (estrategicamente) no lado direito do
auditório.

Ato 2: Para surpresa de alguns, o secretário apresenta, para os
presentes (auxiliado pelo power point) durante uns 15min o que a
legislação diz sobre vista do documento e vista do processo. Uma
pequena provocação à ONG Agapan, responsável pelo adiamento da reunião
que decidiria sobre a votação do Zoneamento da Silvicultura (em sua
versão alterada, depois de passar pelas Câmaras Técnicas do Conselho
Estadual do Meio Ambiente, onde a maioria acabou aprovando a versão
menos restritiva), ao pedir vista do documento na reunião anterior. O
ambientalista Flávio Lewgoy manifestou-se depois, dizendo que a Sema
está em desvio de função ao se posicionar contra a ação da ONG
ambientalista (de protelar a votação) e se posicionar sobre o
processo, abdicando de sua posição de imparcialidade, como
representantes máxima no Conselho.

Ato 3: Mal tinha sorvido o primeiro café, o secretário, se espanta e
demonstra seu desagrado ao receber um mandado de segurança,
suspendendo as deliberações do Conselho e dando um prazo de 15 dias
para apresentar e discutir as alterações propostas no Zoneamento
alterado, e consideradas vitais pelos ambientalistas e alguns
conselheiros. "O Zoneamento Ambiental da Silvicultura da forma como
está sendo apresentado já nasce morto", comenta em um pequeno grupo, o
representante do Ibama no Conselho, Marcelo Machado Madeira. "Ele
retira quase todas as restrições e limites objetivos (e numéricos),
como índices de vulnerabilidade por Unidade de Paisagem Natural (e que
constavam no trabalho inicial dos técnicos da Fepam e da Fundação
Zoobotânica); o percentual de ocupação das UPNs e o tamanho e a
distância entre os maciços, que mexem na estrutura do zoneamento",
explica. Segundo Marcelo, estas questões formatavam o coração do
zoneamento original.

Ato 4: Parte da civilidade se perdeu depois do ato anterior e aos
poucos foram se revelando as faces mais dramáticas da disputa. Sim
porque o que se seguiu foi uma disputa barulhenta e pouco digna, já
antevista nas audiências públicas onde o zoneamento foi apresentado.
Ativistas da Força Verde (repetindo: nome fantasia da Força Sindical)
começaram a ironizar as faixas abertas pelos ambientalistas no local.
Do lado esquerdo uma faixa dizia "Conselheiros, certas decisões não
devem ser pautadas pelo lucro. Aja com responsabilidade. A saúde de
nossas crianças está em tuas mãos. Vida é biodiversidade". Do lado
direito, a faixa trazia nomes de espécies da fauna e flora ameaçados
pelos maciços de eucaliptos. A manifestação silenciosa foi quebrada
pelo comentário de um dos mais ruidosos representantes da Força Verde,
e que despertou risos nos seus parceiros, "o 'veado' eu já estou vendo",
referindo-se aos jovens de cabelos encaracolados e gargantilhas de
sementes, que seguravam as faixas.

Ato 5: Quem é esse? Pergunta a vereadora de Butiá Irani Medeiros,
quando o ex-geneticista Flávio Lewgoy (um dos fundadores da Agapan) e
um dos ambientalistas mais respeitado do país ocupa novamente o
microfone para defender a suspensão das deliberações pela Justiça.
Inconformada, reclama. Começa um bate boca e ameaça de empurra-empurra
entre um ambientalista e um indignado integrante do grupo
pró-silvicultura: "É um absurdo, querem discutir mais o quê? Eu estive
em todas audiências públicas, onde vocês estavam?" grita. E outro
emenda aos gritos, "vai cuidar dos netos", dirigindo-se à Flávio
Lewgoy. Ironias à parte será que ele, Lewgoy não estava fazendo isso
mesmo, naquele instante, cuidando do futuro dos netos?.

Ato 6: Depois de um certo tumulto, os conselheiros representantes das
ONGs e defensores do zoneamento original da Fepam se retiram da
reunião do Consema. O deputado Berfran Rosado, também se retira. Agora
estudante de pós-graduação de gestão ambiental e defensor incansável
da silvicultura (ele fala com propriedade de quem já conheceu a sede
de uma empresa papeleira em viagem brinde à Finlândia, junto com
outros colegas e vários colunistas e jornalistas gaúchos). Um pouco
depois o também deputado Nelson Hartner (mais contido do que nas
audiências públicas) em versão mais light, também deixa o local. Não é
novidade para ninguém que as empresas de celulose contribuíram para as
campanhas eleitorais de vários partidos. A seguir, começaria a luta
nos bastidores da Justiça e um jogo de cena patético nos corredores da
Sema.

Ato 7: Articulações, telefones celulares em punho, durante as quase
quatro horas seguintes o que se viu foi um grupo e conselheiros
aguardando pacificamente (o auditório já estava praticamente vazio do
lado esquerdo. Os Conselheiros restantes ficam à vontade confabulam, trocam figurinhas, ironizam e criticam as ONGs em revezamento sucessivo ao microfone e sob a complacência da Mesa (agora comandada pelo secretário-substituto da
Sema, Francisco Simões Pires). Exceção feita à visível inconformidade
pelos encaminhamentos da Mesa, do Conselheiro do Ibama, Marcelo
Machado Madeira, que vencido, após pedido de teto para finalizar a
reunião, deixaria o local em protesto.

Ato 8: Como dizia uma das raras técnicas da Fepam
presença discreta (quase escondida) na reunião, o mundo dá muitas
voltas. Acostumada às mudanças sazonais de governos, ela destacou a
pressão e perda das funções originais, às quais técnicas antigas da instituição (algumas delas responsáveis pelo primeira versão do Zoneamento) estão sendo alvos. Mas as voltas que o mundo dá também muda de lado outros personagens. Circulando pelos corredores familiares da instituição, agora do outro
lado do balcão, um especialista na área ambiental, agora trabalhando
para as empresas de celulose, está à vontade.

Ato 9: A situação ficou constrangedora (para poucos é claro) quando
todos os pareceres das Câmaras Técnicas do Consema, já conhecidos de
todos os integrantes, foram reapresentados para ganhar tempo e tentar
anular a medida judicial obtida pelas ONGs. Depois de um intervalo,
"para telefonar e avisar que a reunião prossegue", como orientou
Francisco Simões Pires, a titular da Fepam, com a maior placidez
propõe aos conselheiros presentes a apresentação "e discussão ponto a
ponto" do zoneamento original. Mais tempo. O conselheiro do Ibama,
pergunta então se não haverá teto para encerrar a reunião "até que
chegue uma liminar" permitindo a votação. "Você é que está afirmando
isso", retruca Francisco Simões Pires, enquanto se ouviam risos
abafados na platéia, mas ele ressalta depois que "assim como as ONGs
recorreram à Justiça na defesa dos seus interesses", o direito
democrático permite a mesma tática para na defesa dos interesses
contrários.

Ato 10: O último. São 18h e 39min de quarta-feira (09/04/08).
Prevenidos, alguns conselheiros deixam o prédio para retirar os carros
antes que as garagens fechem, e antes que a esperada liminar chegue.
Outros, simpatizantes do zoneamento oficial vão buscar lanches
(os lanches sempre chegam, a exemplo do que ocorreu nas audiências
públicas). No auditório, se espalham entre o piso e as cadeiras
ocupadas pelos integrantes do Consema, copos plásticos sujos de café.
O resto já se sabe, a matéria já estava quase pronta para edição.
Basta ler os jornais do dia seguinte (10/04).

*A autora é jornalista e ambientalista.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA


Peru quer que Yale devolva 40 mil peças de Machu Picchu

BBC:

O governo do Peru anunciou que a universidade de Yale, nos Estados Unidos, detém mais de 40 mil peças arqueológicas da cidade inca de Machu Picchu, e não 4 mil, como acreditava anteriormente.

O levantamento foi feito por técnicos do Instituto Nacional de Cultura (INC) e seus resultados foram divulgados pela agência estatal de notícias Andina, que ouviu o comissário especial para a repatriação da coleção, Hernán Garrido Lecca.

Entre os itens, que foram extraídos do local há mais de 90 anos por um pesquisador de Yale, há múmias e objetos de prata, ouro, madeira, osso e cerâmica.

O Peru afirma que em 1916 o americano Hiram Bingham levou a coleção para a universidade americana por um período de 18 meses, mas nunca a devolveu.

A equipe do INC viajou para os Estados Unidos em meados de março para realizar o inventário das peças como parte de acordos firmados para o retorno dos itens.

Mas embora a universidade reconheça que as peças pertencem ao Peru, só está disposta a devolver 384 objetos nos próximos anos.

Bingham teria descoberto os itens em 1911 depois de viajar para a cidade, formadas por casas, prisões e altares em rochas. Machu Picchu fica na região andina de Cusco, 1,1 mil quilômetros a sudeste da capital, Lima.

Higiene das mãos evita Acinetobacter



Correio do Povo:

"A partir da divulgação de que quatro hospitais gaúchos foram contaminados com a bactéria Acinetobacter sp, a população tem inúmeras dúvidas sobre os casos de infecção, além do temor de ir a hospitais. O microorganismo, resistente a antibióticos, foi o responsável pelo fechamento da UTI do Hospital de Pronto-Socorro (HPS) da Capital, contaminando sete pacientes. No Grupo Hospitalar Conceição, 48 pacientes estão contaminados. Apesar de haver outras bactérias mais virulentas, a Acinetobacter sp está em destaque no momento, avalia o chefe do Serviço de Infectologia do Hospital São Lucas e gestor médico do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Mãe de Deus, Gabriel Azambuja Navaez. Pacientes que passaram longo tempo internados (em especial nas UTIs), os que se submeteram a cirurgia ou longos tratamentos com antibióticos, além de idosos, são os mais suscetíveis à contaminação. O médico esclarece que não existem ainda trabalhos conclusivos que mensurem o verdadeiro risco adicional da Acinetobacter sp ao paciente. 'Os trabalhos sobre o assunto são contrastantes', diz ele. Ao orientar a população, Navaez sustenta que 'as pessoas não devem ficar com medo de procurar os hospitais'. Um fator importante no combate às infecções é a higiene das mãos, fundamental para evitar a disseminação dessa bactéria."

MEU COMENTÁRIO: Ou seja, pelo que entendi os médicos e enfermeiros que atuam em áreas fechadas não lavam as mãos antes de entrar.

NECROFAGIA

A Globo está sentada em cima do caso Isabella Nardoni | relatorio

Blue Bus

Fizemos aqui no Controle da Concorrência um relatorio que achei bem interessante e gostaria de mostrar para vcs. Trata-se de quanto tempo a Rede Globo destinou ao caso Isabella Nardoni no Fantástico e no Jornal Nacional na ultima semana. Veja na tabela abaixo o tempo que o caso ocupou em cada programa e quanto isso representou sobre o total. 14/04 Fabio Wajngarten

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Estudo derruba ligação entre raios solares e aquecimento global


Richard Black
Da BBC News

Cientistas britânicos produziram novas e convincentes provas de que a mudança climática atual não é causada por mudanças na atividade solar.

A pesquisa contradiz a teoria favorita dos "céticos" do aquecimento global, segundo a qual raios cósmicos vindos para a Terra - e não as emissões de carbono - determinam a quantidade de nuvens no céu e a temperatura no planeta.

A idéia é que variações na atividade solar afetam a intensidade dos raios cósmicos, mas cientistas da Universidade de Lancaster descobriram que não houve nenhuma relação significativa entre as duas variáveis nos últimos 20 anos.

Apresentando suas descobertas na revista científica Environmental Research Letters, a equipe britânica explicou que foram usadas três diferentes maneiras para procurar uma correlação, e praticamente nenhuma foi encontrada.

Esta é a mais recente prova a colocar sob intensa pressão a teoria dos raios cósmicos, desenvolvida pelo cientista dinamarquês Henrik Svensmark, do Centro Espacial Nacional da Dinamarca.

As idéias defendidas por Svensmark formaram o principal argumento do documentário The Great Global Warming Swindle (A Grande Fraude do Aquecimento Global, em tradução livre), exibido pela televisão britânica, que intensificou os debates sobre as causas das mudanças climáticas atuais.

Caminho errado

"Começamos este jogo por causa do trabalho de Svensmark", disse Terry Sloan, da Universidade de Lancaster.

"Se ele está certo, então estamos no caminho errado tomando todas essas medidas caras para cortar as emissões de carbono; se ele está certo, podemos continuar a emitir carbono normalmente."

Os raios cósmicos são refletidos da superfície da Terra pelo campo magnético do planeta e pelo vento solar - correntes de partículas eletricamente carregadas vindas do Sol.

A hipótese de Svensmark é que, quando o vento solar está fraco, mais raios cósmicos penetram na atmosfera, o que aumenta a formação de nuvens e esfria o planeta. Quando os raios solares estão mais fortes, a temperatura na Terra sobe.

A equipe de Terry Sloan estudou essa relação analisando partes do planeta e períodos de tempo em que se registraram a chegada forte ou fraca de raios cósmicos. Eles então verificaram se isso afetou a formação de nuvens nesses locais e nesses momentos e não encontraram nada.

No curso de um dos ciclos naturais de 11 anos do Sol, houve uma frágil correlação entre a intensidade dos raios cósmicos e a quantidade de nuvens no céu. Mesmo assim, a variação dos raios cósmicos explicaria apenas um quarto das mudanças nas nuvens.

No ciclo seguinte, nenhuma relação foi encontrada.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), em sua vasta avaliação sobre a questão feita no ano passado, concluiu que desde que as temperaturas começaram a aumentar rapidamente nos anos 70, os gases de efeito estufa produzidos pelo homem tiveram um peso 13 vezes maior no aquecimento global que a variação da atividade solar.

"Tentamos corroborar a hipótese de Svensmark, mas não conseguimos. Até onde podemos constatar, ele não tem nenhuma razão para desafiar o IPCC - o IPCC está certo. Então, é melhor continuarmos a cortar as emissões de carbono", disse Terry Sloan.