terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Miss é barrada em júri de concurso de beleza por causa de "bruxaria"

Ter, 29 Jan, 04h21

Toronto (Canadá), 28 jan (EFE).- A miss Stéphanie Conover não poderá ser uma das juradas do concurso de beleza Miss Toronto Turismo por gostar de "bruxaria", informou nesta segunda-feira a organização do evento.

Stéphanie, de 23 anos e vencedora de um concurso de miss no Canadá em 2007, já tinha tudo preparado para fazer parte do júri que decidirá em fevereiro a vencedora do concurso Miss Toronto Turismo, mas recebeu uma carta da organização afirmando que ela tinha sido eliminada por gostar de tarô.

A organização do evento afirmou que a "leitura do tarô e do reiki (uma prática originada no Japão) fazem parte do oculto e não é aceitável por Deus, os judeus, muçulmanos ou cristãos".

A organização reafirmou à imprensa sua decisão através de sua porta-voz, Karen Murray.

"Aceitamos (pessoas de) todas as religiões e todas as nacionalidades, mas as rejeitaríamos se estivessem envolvidas em bruxaria", afirmou.

Aparentemente Stéphanie forneceu detalhes sobre suas crenças quando a organização do concurso de beleza lhe pediu uma pequena biografia.

"Disse tudo o que faço; que sou uma artista, cantora e dançarina.

Contei sobre meu trabalho com a caridade e também falei sobre meus hobbies, como escrever canções, tecer, pintar, praticar ioga, reiki e as cartas do tarô", disse Stéphanie ao jornal "The Toronto Star".

Para Murray, estas características, especialmente as duas últimas, são suficientes para desqualificar Stéphanie.

"Queremos alguém com os pés na terra, não alguém no lado obscuro ou no oculto", afirmou a porta-voz. EFE jcr/mh

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

RS QUER PRENDER O HOMEM QUE PODE SALVAR O PLANETA...

DO RS URGENTE:

Ayrton Centeno escreve: Henry Saragih passou por maus bocados em março de 2006, em Porto Alegre. A começar por uma entrevista coletiva onde baixou o Caboclo Paulão e alguns dos perguntadores, possuídos pela Entidade, só faltaram dizer “Mentiu pro tio, contou pro vô? A casa caiu, a cobra fumô!” e bater com o jornal na mesa. Ali mesmo, Saragih foi intimado pela polícia a se apresentar em uma delegacia. Deu explicações durante horas. Acabou indiciado com mais 34 pessoas. Deixou o Rio Grande do Sul com um processo no lombo e sob o ladrar uníssono dos cães de guarda do pensamento único.
...
Seria uma cena bastante pitoresca e, mais do isso, paradoxal, de interesse muito além do Mampituba. Sim, porque a História, esta dama volúvel, arrumou outra tarefa para Saragih, bem mais nobre do que aquecer o cimento do Presídio Central. E ela manifestou tal capricho através de um painel de especialistas convocado pelo jornal londrino The Guardian. Pois não é que esta turma apontou Saragih como uma das 50 pessoas que podem salvar o planeta? Santa Monocultura! Por mil eucaliptos! Como é que os ingleses fizeram isso?

Pois é. Não só fizeram como colocaram o diabo do Saragih acolherado com gente de fino trato, que faria a mídia provinciana escorrer rios de saliva gravata abaixo. Com sua cara redonda e risonha de mexicano escalado para morrer em faroeste gringo, Saraigh aparece lado a lado com o ator Leonardo Di Caprio, o ex-vice presidente norte-americano e Prêmio Nobel da Paz, Al Gore, a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel e o ex-vocalista da banda Midnight Oil, Peter Garrett, hoje ministro do Meio-Ambiente da Austrália, entre outros e outras.

Saragih foi escolhido, segundo o jornal britânico, porque, líder de milhões de camponeses indonésios, é o sujeito que está no caminho das grandes companhias que devastam florestas tropicais para produzir óleo de palma. Pondera que Saragih, secretário-geral da Via Campesina – que comanda campanhas pela reforma agrária em 80 países – defende os pequenos agricultores junto às Nações Unidas e à Organização Mundial do Comércio (OMC). O resultado desta luta, diz The Guardian, será responsável pela sobrevivência ou não das florestas no sudeste asiático e, possivelmente, determinará o futuro político de muitos países em desenvolvimento.

Na imprensa local, nem um pio, um gemido, um ameaço de vírgula sobre o assunto. Apesar do sabor da pauta, que explicita, de modo brutal, o abismo que separa duas visões dos movimentos sociais, aqui pintados como a décima-primeira praga do Egito e não uma expressão da sociedade civil organizada. Como demonstra, aliás, a rastejante matéria (18/01) de Zero Hora sobre a patética operação de guerra da BM em Pontão, pulsante de desprezo pelos mais fracos e de uma adulação babosa por quem tem o mando e o comando. Quanto à Saragih há duas interpretações para o silêncio. Sob a inspiração de São Francisco, que antecedeu Saragih em alguns séculos na proteção à natureza, fico - mesmo sabendo-a a menos provável - com a mais piedosa delas: a simples, boa e velha ignorância.